Quinto maior consumidor externo, com 1,2 milhões de euros em vendas até ao primeiro semestre de 2012, o mercado brasileiro está cada vez mais interessado em importar Vinhos Verdes.
Uma visita de três importadores dos estados de São Paulo, Belo Horizonte e Santa Cristina à região saldou-se pela vontade em fazer crescer para o outro lado do Atlântico um produto que é único no Mundo.
O interesse manifestado pelos profissionais do setor em aumentar a presença de Vinho Verde no Brasil confirma, assim, a tendência verificada nos últimos 10 anos, quando as exportações cresceram 114 por cento, à média de 10 por cento/ano.
Um resultado recorde que tem origem em ações como a visita de especialistas brasileiros à região, ou em missões de charme como as que a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) vai levar a cabo dias 5 e 6 de novembro em Salvador da Bahia e em Belo Horizonte, respetivamente, com uma seleção dos melhores vinhos de 16 produtores.
Natural de Belo Horizonte, Sidney Lucas é importador da Porto Mediterraneo, com sede no estado de Santa Catarina. De visita, pela primeira vez, à Região Demarcada dos Vinhos Verdes, o também sommelier diz-se “surpreendido com a qualidade dos vinhos” que teve oportunidade de provar ao longo dos quatro dias que durou a passagem por Portugal.
Interessado em estabelecer negócios com "produtores de média dimensão, que valorizam a qualidade em detrimento da quantidade", Sidney Lucas não tem dúvidas de que, "a curto/médio prazo, a Porto Mediterraneo vai alargar o leque de oferta aos Vinhos Verdes", o que acontecerá pela primeira vez.
O importador brasileiro estima que o investimento necessário para levar Vinho Verde para o Brasil através dos canais com os quais a Porto Mediterraneo trabalha "rondará meio milhão de reais (cerca de 1,3 milhões de euros)", se implicar a totalidade do portefólio de qualquer um dos quatro produtores que melhor encaixam no perfil de vinhos que procura. "Será sempre, portanto, uma aposta gradual", assume.
Sidney Lucas sublinha, por fim, que "a margem de crescimento do Vinho Verde no Brasil é muito grande" e que "a Comissão de Vinho Verde e os produtores devem apostar cada vez mais em dar a conhecer os vinhos aos brasileiros", através de ações de promoção como as que vão ser feitas em Salvador da Bahia e em Belo Horizonte ou de visitas de profissionais do setor a Portugal.
Quem esteve pela segunda vez na região – a primeira ocorreu em 2006 – foi o também importador Ivan Bianchi, do Grupo Pão de Açúcar, o maior retalhista alimentar do Brasil, com 1200 lojas distribuídas por 17 estados, totalizando um milhão de metros quadrados de área de vendas.
Para o especialista brasileiro, “a região está a mudar a olhos vistos”, produzindo vinhos com cada vez “maior qualidade”, o que tem vindo a ser “percecionado pelos consumidores brasileiros”, razão pela qual o crescimento das exportações de Vinho Verde para o Brasil tem estado em linha com valores recorde de outros mercados externos.
Consultor técnico de profissão, Ivan Bianchi revela que o retalhista brasileiro “está em fase de renovação da linha” de vinhos à venda nas 120 lojas, pelo que a visita à região “não podia ser mais oportuna”, para ficar a conhecer o leque de marcas que podem “substituir aquelas que vão deixar de trabalhar com o Pão de Açúcar”.
Das 700 mil garrafas que passam o Atlântico pela mão do Grupo Pão de Açúcar, 160 mil são Vinho Verde, um número que Ivan Bianchi assegura que “vai subir no espaço de um ano”, tempo que estima ser preciso para passar a importar outras marcas da região.
João Maurício de Morais, importador da Royal Vinhos e Casa Montez, de Belo Horizonte, também visitou pela primeira vez os 21 mil hectares de produção de Vinho Verde e ficou “positivamente surpreendido com o trabalho que está a ser feito para divulgar um vinho e uma região”, ao ponto de, dia 6 de novembro, na ação de promoção em Belo Horizonte, já ter decidido ir ao encontro de três produtores para “tratar de negócios”.
O Brasil está no top 5 dos mercados externos que mais importam Vinho Verde, com um volume de negócios de 1,2 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que representa cerca de 600 mil litros até junho deste ano. Em 10 anos, de 2001 a 2011, as exportações cresceram 114 por cento. Para a CVRVV, o Brasil é um mercado prioritário, responsável pelo terceiro maior investimento promocional em 2012: 508 mil euros. |