Os Porto Vintage de 2003 foram passados a pente fino pela «Wine Spectator». Dois terços da produção é dos grupos Symington e Fladgate. O mais caro é Nacional do Noval (Axa).
Muito e bom, há pouco quem. Esta adaptação do ditado popular é glosado pelas responsáveis da Fladgate Partnership, a propósito dos vintages 2003. A Taylor’s (13 mil caixas) e a Fonseca (12 mil) bateram largamente a concorrência - o grupo ressalta o raro mérito de aliar quantidade com elevadas classificações nas revistas especializadas. Com uma visão oposta, encontra-se a Quinta de Noval. A marca seduz o mercado pela reduzida oferta de um dos seus vintages e destaca-se pelo seu preço elevado, 10 vezes superior aos congéneres.
Na lista de preços de referência dos Vintage 2003 publicada pela «Wine Spectator», há um ruído na paisagem. Em geral, os preços são proporcionais às pontuações atribuídas e podem atingir um mínimo de 32 dólares (€26), no caso da Burmester.
O intervalo entre os 60 e 90 dólares acolhe a generalidade dos vintages. Mas, o primeiro da lista, o Vintage Nacional da Quinta do Noval surge a 800 dólares. A marca da francesa Axa guarda segredo do número de caixas que comercializou e tem para este preço, aparentemente exorbitante, uma explicação. A companhia produz três tipos de vintages clássicos, sendo que um deles (Silval Vintage), de consumo fácil e maior volume apresenta até preços inferiores à média do mercado. Mas, o Nacional Vintage, obtido a partir de 2,5 hectares de vinha, é de outro campeonato. Ele tornou-se uma cobiçada preciosidade, depois da sua colheita de 1931 se ter tornado lendária. Segundo a empresa, ele «atinge preços elevados pelo seu carácter e distinção», sendo «o Porto mais coleccionável do mundo». É precisamente a sua reduzida produção que aguça o interesse dos coleccionadores - não mais do que 300 caixas em cada ano vintage de um total da casa que chegar às 5 mil.
Na classificação da «Wine Spectator», os vintages seguintes - Quinta de Roriz, Croft, Fonseca e Churchill - surgem com preços entre os 60 e 92 dólares. A produção de 2003 foi de 210 mil caixas, uma redução de 30% face ao volume do vintage anterior. Mas, tomando com boa a informação das empresas à «Wine Spectator», o total colocado no mercado não terá excedido as 130 mil caixas. As quatro marcas do grupo Fladgate (36 mil) e as oito da família Symington (36.500) representam quase dois terços de uma lista em que são raras as marcas com produções superiores a 5 mil caixas. Nos Symington, a Graham, Dow (8.500 caixas cada) e Warre (7.800) são as que dominam.
A quebra no volume surge depois dos excedentes que se registaram na produção de 2000. O sucesso dos vintages de 94 e 97, embriagou o sector que, em 2000, caiu na tentação do volume e do preço. A correcção surge com o vintage de 2003, com menor volume e preços idênticos aos de 2000.
A generalidade das empresas lançou este vintage no mercado na segunda metade de 2005, impulsionando o sector para um crescimento de 1,1% na facturação. Nas categorias especiais, a subida foi de 10%. Mas, isto significa que eventuais valorizações futuras beneficiam especialmente os distribuidores e retalhistas. São eles, sobretudo no caso das vendas «em primeur», que ganham com os elogios e favores das críticas especializadas. Os especialistas garantem que estes vintages só estão no ponto, depois de 2012. Quando o Taylor’s e Fonseca de 94 receberam a pontuação máxima (100) da «Wine Spectator», o seu preço subiu logo oito vezes. |