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Maior grupo de vinho do Porto alerta UNESCO para riscos da barragem no Tua |
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Público | 04-09-2012 |
Carta dirigida ao Comité do Património Mundial pelo Grupo Symington dá conta da preocupação pelos danos irreversíveis que a conclusão da obra poderá causar para a região do Douro.
É mais uma voz a juntar-se ao rol de preocupações pelos efeitos da construção da barragem de Foz Tua, não só na classificação da região como Património Mundial mas também pelos impactos que poderá representar para os actuais padrões de qualidade dos vinhos ali produzidos.
O Grupo Symington, que é o principal operador no sector dos vinhos do Porto, fez chegar, na semana passada, aos membros do Comité do Património Mundial da UNESCO uma carta dando conta dos seus receios e preocupações face ao andamento da obra. Por um lado "a preocupação que a conclusão da obra poderá causar danos irreversíveis à região do Douro", mas também o receio de que, "no actual clima económico", a decisão de suspender a construção possa resultar "num cenário de edifícios semiconstruídos, um estaleiro abandonado, as margens do rio Tua desfeitas e uma paisagem destruída".
O documento da empresa que é detentora de algumas das marcas mais importantes e prestigiadas de vinho do Porto - como Graham"s, Cockburn"s, Dow"s e Warre"s e Quinta do Vesúvio -, foi remetido na mesma altura em que outros produtores de peso se juntaram a ambientalistas e grupos que contestam a obra, num memorando de alerta para as suas consequências.
Efeitos da albufeira
Ao risco de a UNESCO vir a retirar o estatuto de Património Mundial à região, o documento associa também as eventuais alterações climatéricas decorrentes da existência futura de uma albufeira e os seus efeitos para a produção de vinhos. Uma matéria que, frisam, não foi ainda devidamente avaliada.
O documento, que foi igualmente remetido aos elementos do Comité do Património Mundial que estão a analisar os impactos da barragem, assinala que o vinho e a vinha foram determinantes para a classificação atribuída em 2001 pela UNESCO, tratando-se de "um negócio delicado, que depende da conjugação entre conhecimentos ancestrais, tecnologia solo e clima". Ou seja um equilíbrio delicado que pode muito bem ser posto em causa em consequência da construção da barragem.
Os responsáveis do grupo Symington notam, por sua vez, que o grupo detém dois dos seus mais importantes activos situados na foz do Tua, a Quinta dos Malvedos e a Quinta do Tua, que é também conhecida como Quinta dos Smithes ou dos Ingleses. "Estas propriedades têm elevada reputação a nível mundial pela produção de alguns dos melhores vinhos do Porto", assinala a empresa, vincando ao mesmo tempo tratar-se de um prestígio "que foi construído durante séculos com base no trabalho cuidado durante o ciclo de viticultura anual".
A carta alerta os responsáveis da UNESCO para o valor histórico, cultural e paisagístico associado às duas quintas. "Vinhas suportadas por socalcos de pedra que formam parte do trabalho de séculos que criaram a paisagem, única do Douro" e também a casa nobre da Quinta do Tua, do séc. XVIII, que pertenceu a Antónia Adelaide Ferreira, a célebre "Ferreirinha", e é uma das mais belas da região.
Paul Symington, que assina o documento, com data de 29 de Agosto, chama a atenção para o facto de o projecto da barragem e dos edifícios a ela associados estarem "directamente contíguos com ambas as vinhas e ao longo de extensões vastas". Assinala ainda que o sucesso continuado do grupo não pode ser desligado "da beleza natural e da beleza feita pelo homem no vale do Douro", pelo que "qualquer projecto que danifique esta paisagem única irá comprometer o futuro" de todos os envolvidos na produção de vinho e no trabalho associado à região. |
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