CVR do Pico admite quebra de 80% na produção de vinho
Lusa/RTP | 25-08-2012

As vindimas arrancaram hoje na ilha do Pico, onde se concentra a maior área de cultivo de vinho nos Açores, com perspetivas muito negativas, estimando-se uma quebra de 80 por cento na produção devido às condições climatéricas.

"Pelas indicações que temos, prevê-se uma quebra na ordem dos 80 por cento, em comparação com a média de produção dos últimos anos", afirmou Paulo Machado, presidente da Comissão Vitivinícola Regional, em declarações à Lusa, acrescentando que as expectativas relativamente à produção foram recolhidas junto dos vitivinicultores da ilha.

Para o presidente da Comissão Vitivinícola Regional, esta quebra na produção de vinho deve-se a vários fatores, quase todos de ordem climatérica, que afetaram as vinhas durante a fase de crescimento e de desenvolvimento, acabando por danificar irremediavelmente as áreas de produção.

"Este foi um ano atípico", frisou, recordando que, depois do bom tempo inicial que se fez sentir até Maio, vieram os "ventos fortes" e a "humidade" em junho e julho, que partiram e queimaram muitas vinhas.

A produção média de vinho no Pico ronda 1,2 milhões de litros anuais, mas deve situar-se este ano entre 300 e 400 mil litros.

Paulo Machado admitiu que possa existir alguma "desmotivação e desmoralização" entre os produtores de vinho da ilha, mas afirmou que, caso se verifique uma eventual redução da área de vinha nos próximos anos, ela abrangerá apenas "as castas de menor qualidade", como as do denominado `vinho de cheiro`.

"No caso das castas de melhor qualidade, o que se tem notado é um aumento gradual da área de cultivo, por via dos incentivos financeiros que estão disponíveis para estas produções", afirmou Paulo Machado.

A produção vitivinícola no Pico divide-se em vários tipos de castas, nomeadamente as não classificadas, como o `vinho de cheiro`, as castas tradicionais brancas, destinadas à produção de vinhos licorosos e vinhos regionais, como o Verdelho, Arinto e Terrantez, e as castas europeias tintas.

O período de vindimas na ilha do Pico arranca hoje para as castas brancas e termina em meados de setembro com as castas tintas.
 
 
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