Até ao lavar do cestos é vindima. A produção de vinho, apesar da seca e do granizo, deverá atingir, este ano, 5,8 a 5,9 milhões de hectolitros, mais 4% a 5% do que na campanha 2011/2012. Isto se o tempo ajudar à maturação das uvas até à vindima, que está duas a três semanas atrasada.
Mas há regiões vitivinícolas onde as coisas não correram tão bem, alerta o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). No Minho, a produção de vinho Verde deverá sofrer uma quebra de 15%, e nas famosas regiões da Bairrada e do Dão a colheita deverá ficar 10% dos valores do ano passado.
As "chuvas e temperaturas baixas" prejudicaram a fecundação na Região Demarcada dos Vinhos Verdes; na Bairrada e no Dão os produtores apontam o dedo "à pouca precipitação".
Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região (CVR) dos Vinhos Verdes, desvaloriza a quebra na produção e garante que "não vai haver falta de vinhos". Até porque os stocks estão "praticamente iguais" aos do ano passado, qualquer coisa como 61 milhões de litros.
Se o tempo se mantiver favorável, Manuel Pinheiro espera até uma boa vindima. E o fato de não ser "muito generosa" em termos de quantidade também tem o seu lado positivo. "O preço das uvas deve manter-se", diz. Em média o quilo de uva é pago, na região, entre 45 e 50 cêntimos, à exceção da casta Alvarinho, que chega a passar um euro.
A Aveleda - o maior produtor e exportador de vinho Verde - admite valores médio de produção inferiores a 20% do que a campanha anterior, mas normais para a região. As graduações estão ainda baixas mas, se não chover, a maturação das uvas deverá decorrer com regularidade.
"A redução não é tanto na produção, é, sobretudo, no rendimento obtido, o que se deve a muitos períodos de céu nublado, o que impediu o correto desenvolvimento do processo fotossintético", diz Pedro Soares. O presidente da CVR da Bairrada admite que a quebra seja superior aos 10% estimados pelo IVV, podendo chegar aos 15%.
No Dão, Arlindo Cunha admite a dificuldade em antecipar questões qualitativas, mas garante que "não há razão nenhuma para termos mau vinho". O verão, apesar de tardio, tem ajudado, com dias quentes, mas não escaldantes, e noites frescas, "o que dá a frescura e a complexidade típica dos vinhos do Dão".
No Douro, onde se chegou a prever um aumento de produção de 20%, os números são, agora, mais modestos: 5% de crescimento, embora haja zonas cuja produção foi maioritariamente destruída com o granizo no fim de julho. "O tempo está incerto, a vindima atrasada, é preciso ler os números com cuidado", defende Manuel Cabral, do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Será um ano de aumento do rendimento dos viticultores durienses, já que a produção autorizada de vinho do Porto é de 96 500 pipas, uma "subida sensível"face às 85 mil pipas do ano passado, salienta.
No Alentejo, há já quem vindime, sobretudo os produtores de vinhos brancos. A campanha espera-se "ligeiramente inferior" à do ano anterior, reconhece Dora Simões, responsável da CVR local. Mas o vinho é bom. E as exportações devem aumentar. |