Os produtores desvalorizam os "cenários catastróficos" pela falta de chuva em Fevereiro, frisando que em relação à qualidade dos vinhos é prematuro qualquer avaliação, já que nem sequer se iniciou o ciclo vegetativo.
Nos últimos dias surgiram algumas considerações públicas, nomeadamente de associações de agricultores, que alertavam para os danos da falta de chuva na qualidade dos vinhos. No entanto, os produtores de vinhos verdes e do Alentejo recusam ao Negócios essas conclusões, dizendo mesmo que "carecem completamente de suporte técnico".
"A pluviosidade em Fevereiro foi inferior à média, mas tal não sucedeu em Janeiro e nada indica que se prolongue. As notícias de que a falta de chuva em Fevereiro é prejudicial à maturação carecem completamente de suporte técnico", refere Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), para quem a vinha “não precisa necessariamente de chuva neste momento”, pelo que só seria "preocupante" se não chovesse a partir do segundo trimestre.
A evolução de todos os parâmetros do clima, nomeadamente a pluviosidade, é feita em permanência através da Estação Vitivinícola Amândio Galhano, nos Arcos de Valdevez. O responsável da CVRVV diz ser "tecnicamente infundado anunciar algum efeito qualitativo nos vinhos de 2012 como consequência da reduzida pluviosidade" e cita o parecer dos técnicos na área de enologia.
"Em relação à qualidade dos vinhos, é prematuro [retirar conclusões], uma vez que nem sequer se iniciou o ciclo vegetativo. A frescura e acidez presente nos vinhos verdes dependem praticamente na totalidade das condições climáticas verificadas durante a maturação (Julho, Agosto e Setembro), pelo que, neste momento, prever características qualitativas da vindima é futurologia", conclui Manuel Pinheiro.
Cultura do vinho ainda no repouso vegetativo, lembra o Alentejo
Também no Alentejo, os responsáveis não entram em alarmismo por causa da falta de chuva. Ao Negócios, Francisco Mata, secretário-geral da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo (ATEVA), parceiros da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, confirma que "no momento ainda não é possível fazer previsões do impacto da seca, uma vez que a cultura do vinho ainda está no repouso vegetativo".
Francisco Mata diz que é preciso "aguardar a evolução da situação climática até ao início do abrolhamento", lembrando, porém, que as novas vinhas da região já se encontram munidas de sistema de rega "gota a gota".
Desse modo, acrescenta, "os impactos negativos resultantes da actual seca poderão ser minimizados durante o ciclo vegetativo da cultura desde que exista água disponível nas explorações". Só no caso de vinhas de sequeiro, a situação poderia tornar-se "mais complicada”, caso não chovesse nos próximos tempos. |