Investimento da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) mais do que duplica este ano para tentar compensar nas exportações a quebra prevista no mercado interno.
É apenas um das acções de marketing programadas para 2012, mas arrisca ser a que gerará mais notoriedade para a região dos vinhos verdes, a segunda que mais exporta logo a seguir ao vinho do Porto. Recorrendo ao humor, os filmes virais vão ser “servidos” na Internet ao longo do ano e terão como personagens principais o casal Mr. White e Lady Rosé.
Em 2012, a CVRVV baterá o recorde de investimento na promoção dos seus vinhos, passando de um orçamento de 1,4 milhões para 3,4 milhões de euros, orientados para oito mercados prioritários. Um milhão serão pagos por fundos próprios da Comissão e 2,4 milhões provenientes de diferentes programas de financiamento externo.
“É o maior investimento de sempre e o maior de uma região de vinhos portugueses, não considerando o investimento da ViniPortugal”, disse o presidente da CVRVV, Manuel Pinheiro, em conferência de imprensa no Porto.
Do total do investimento em promoção, 22,7% são para os EUA, 17,7% em Portugal – “porque 70% da nossa produção é para o mercado interno, também queremos notoriedade para o longo prazo” – 15% no Brasil e 13,3% no Canadá. Este ano será tentada uma primeira abordagem ao mercado sueco, onde a Comissão reconhece potencial de crescimento.
Os argumentos dos vinhos verdes, a proposta de valor para os consumidores, continua a ser a mesma: vinhos leves, com baixo teor alcoólico, diferentes dos outros brancos; boa relação qualidade-preço; ideais para momentos de descontracção e refeições. O público-alvo são os jovens adultos e é "ligeiramente mais feminino".
Mais de 30% vai para exportação
O vinho branco, que é o grosso do negócio, mantém-se estável há três anos. Em 2011 as vendas ascenderam a 44,2 milhões de litros, pouco menos que no ano transacto (44,5 milhões). O verde tinto representa pouco – 5,4 milhões – e está a ser alvo de “algumas experiências”, também impulsionado pelo fenómeno recente do vinho lambrusco em Portugal. Já o verde rosé está a crescer, mas em 2011 apenas representou 1,6 milhões de litros.
Apesar de menos de um quinto dos produtores da região se dedicarem à exportação, os vinhos verdes culminam agora “uma década de aumentos consecutivos na exportação e alargamento dos mercados”. Basta pensar que apenas 15.5% da produção era vendida fora do País em 2002, em 2010 essa de percentagem subiu para 27,4% e no ano que agora terminou terá ultrapassado os 30%. “Até aos 50% podemos crescer”, perspectivou o responsável da Comissão.
No ano passado, os Estados Unidos continuaram a ser o melhor mercado (os 3,8 milhões de litros representam 16% do total), seguidos pela Alemanha e França. O pior destino foi a Guiné Equatorial, com apenas... 5 litros vendidos. A análise feita esta tarde pela Comissão destaca que o Vinho Verde deixou de estar confinado às fronteiras da lusofonia e da diáspora portuguesa.
"Somos a região que mais investe para a reconversão das nossas vinhas", diz Manuel Pinheiro, vangloriando-se de ter pago aos lavradores um preço médio próximo de 35 cêntimos por quilo, que permite a continuação desse investimento. |