Do Esporão se diz que é a mais antiga propriedade agrícola do País, com limites estabelecidos em 1267 (reinava D. Afonso III) e mantidos praticamente inalterados. A tradição vitícola é ainda mais antiga, sabendo-se que dali foram exportados vinhos para todo o Império Romano.
Hoje em dia as exportações de vinho, mas também de azeite, continuam a assumir importância relevante para a Esporão S.A., empresa familiar fundada por José Roquette em 1973. Metade das vendas é feita no mercado internacional, com Brasil (onde a firma tem uma distribuidora própria desde 1995), Angola e Estados Unidos à cabeça de uma vasta de lista de países para onde seguem produtos que melhor se adaptam às características de cada mercado. Para o Brasil e para a Suíça, por exemplo, seguem sobretudo produtos premium, cujo preço acompanha a qualidade mais elevada.
"Outra importante exportação são os cerca de 10 mil turistas estrangeiros que nos visitam anualmente", diz João Roquette, filho do fundador e accionista e CEO do Esporão, cujo ingresso na empresa resultou de um "processo natural". "Formei-me e cresci trabalhando noutros projectos, primeiro na Merrill Lynch em Londres e depois num projecto pessoal relacionado com música em Espanha. Aos 30 anos aproximei-me do Esporão e o Esporão de mim."
Depois de uma colaboração em vários projectos internos, João Roquette assumiu a liderança executiva da empresa em 2006, confessando-se "satisfeito" por ter cumprido os objectivos definidos para estes últimos cinco anos. Em 2012 chegarão ao mercado os vinhos da colheita deste ano - "provavelmente a primeira grande colheita desta década" - e será também lançado o Torre 2007, três mil garrafas do vinho mais exclusivo da empresa, produzido apenas em anos especiais. O ano ficará igualmente marcado pela reinauguração do enoturismo na Herdade do Esporão que beneficiou de importantes obras de requalificação.
"Somos uma empresa familiar, como os mesmos valores que há 25 anos mas com uma realidade diferente", diz. "Somos maiores, mas continuamos a controlar o processo desde a plantação (vinhas e olivais) até à distribuição. Produzimos os nossos vinhos e azeites nas duas principais regiões de Portugal, o Alentejo e o Douro, e vendemos um portefólio variado de produtos em mais de 50 mercados."
Contrariando um documento oficial de 1973, que aprovou a construção da primeira adega no Esporão, mas que considerava tratar-se de um "projecto megalómano destinado a falência rápida". "Guardamos esse documento com carinho pois é a confirmação de um grande provérbio chinês segundo o qual todas as grandes conquistas são, ao princípio, impossíveis", diz João Roquette, reconhecendo que o objectivo de desenvolver um projecto vitivinícola de alta qualidade constituía então uma "visão tão ambiciosa quanto arriscada".
Dos primeiros vinhos engarrafados em 1985 restam ainda alguns exemplares na garrafeira da empresa. Foram dois produtos "inovadores em vários aspectos", incluindo a utilização das castas Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional, à época pouco utilizadas no Alentejo, e rótulos com ilustrações de Dordio Gomes (Esporão reserva tinto) e Cargaleiro (Esporão reserva branco).
Para o director executivo do Esporão, o sucesso da empresa explica-se pela capacidade de, ao longo dos anos, "ter uma proposta de valor clara e relevante em diferentes segmentos de preço, estabelecendo uma relação de confiança com os seus clientes". Mais difícil é escolher o vinho preferido: "Depende da colheita, cada ano a natureza traz consigo novas combinações de clima, resultando em vinhos com características diferentes." Aguardemos os de 2011. |