A ViniPortugal, associação interprofissional do setor vitivinícola, decidiu concentrar esforços nos mercados dos Estados Unidos e Brasil, reservando para estes países ?cerca de 60 por cento do seu orçamento? de promoção para o período 2012-2014.
"São mercados que têm potencial de crescimento" e onde os vinhos portugueses conseguiram já "resultados significativos", disse ontem o presidente da ViniPortugal, à margem de uma mesa redonda que reuniu no Porto, no Palácio da Bolsa, alguns escanções europeus, entre os quais o português João Pires.
Com esta mesa redonda, a associação pretendeu saber o que pensam esses especialistas sobre os vinhos portugueses e o que fazer para que eles possam estar mais presentes nas listas respetivas dos hotéis e restaurantes europeus.
O francês Olivier Poussier, que está entre os melhores escanções mundiais, disse que “Portugal tem um grande potencial” graças à sua grande “diversidade varietal”, recomendando que por isso deve “cultivar esta sua diferenciação”.
A Viniportugal pretende também apostar nas castas portuguesas, tendo Jorge Monteiro mencionado a Touriga Nacional, Touriga Franca, Alvarinho, Baga ou Encruzado.
Outra ideia forte é que os produtores portugueses devem esforçar-se por fazer vinhos diferentes, que espelhem a identidade portuguesa, mas também consistentes do ponto de vista da sua qualidade, o que hoje já é garantido por “um bom grupo” de empresas.
Poussier frisou, ainda, que "Portugal faz vinhos gastronómicos nas diferentes regiões vinícolas" e Jorge Monteiro referiu depois que a ViniPortugal ambiciona igualmente fazer passar para o exterior essa noção.
"Para cada solução gastronómica, conseguimos sempre ter um vinho adequado", reforçou este responsável.
O plano da ViniPortugal para 2012-2014 passa também por "colocar bastante dinheiro no chamado investimento na comunicação da marca, ou seja, vamos trabalhar a marca "Wines of Portugal" e publicações da especialidade nestes grandes mercados", acrescentou.
Nos vinhos, Portugal não tem imagem no mercado internacional, ao contrário de países como a França ou a Itália, mas pior do que isso seria ter “má imagem”, admitiu o produtor bairradino Luís Pato.
"Não é só o vinho que não tem imagem, é o País, pois as coisas estão ligadas", acrescentou João Pires, que já obteve o mais alto título no mundo dos escanções, em declarações à Agência Lusa.
A situação muda-se com "ações e formação", sendo necessário "definir uma estratégia e adaptá-la às diferentes realidades, porque promover um vinho em França não é o mesmo que o fazer na China", disse.
Para este especialista, "os vinhos portugueses são caros" e por isso este é um aspeto que precisa de ser corrigido, para poderem concorrer com vinhos de outros países produtores, nomeadamente do chamado novo mundo, como a Nova Zelândia, que faz vinhos de qualidade a preços competitivos.
João Pires defende igualmente que, neste setor, "Portugal só pode ir para a frente com uma diferenciação", acrescentando que "não há mal nenhum em usar castas estrangeiras, o que não se pode é ir atrás de modas fáceis". |