À volta do vinho
Visão | 13-10-2011

Garrafeira Nacional reforça presença na Baixa lisboeta com a abertura da GN Cellar.

É ao som das badaladas do sino da Igreja da Madalena que embarcamos nesta aventura da Garrafeira Nacional abrir uma segunda loja na Rua da Conceição, esquina com a Rua dos Fanqueiros, poucas artérias abaixo da casa-mãe (Rua de Santa Justa), rodeada de clássicas retrosarias, concorrência saudável (outras garrafeiras) e com o inconfundível elétrico n.º 28 a deixar os turistas à porta.

A GN Cellar, vocacionada para vinhos do porto e vinhos de mesa portugueses, vem reforçar a ideia de que "há clientela, a Baixa não está morta. O que faz falta é mais comércio tradicional ", garante Jaime Vaz, 47 anos, neto do fundador da Garrafeira Nacional. No exterior, o calor de setembro contrasta com os 19º/20º que a loja, com cerca de 120 metros quadrados, tem de estar para conservar os vinhos em condições.

Desengane-se quem pensa que na montra há vinho a estragar-se. Além das grandes telas absorventes do calor, os produtores fornecem "demis", isto é, garrafas vazias, mas fechadas, feitas propositadamente para o efeito expositivo.

Nascido e criado na Baixa, Jaime também mora e trabalha no bairro pombalino. Como detesta o trabalho de escritório, é no armazém, no meio das garrafas e das teias de aranha que o podemos encontrar. O prazer do contacto com o público é um dos pontos em comum com Paulo Amaral, gerente da GN Cellar.

Nas prateleiras, a arrumação dos vinhos do porto faz-se em função das categorias: vintages, LBV (Late Bottled Vintage), colheitas, 10, 20, 30 e 40 anos.

Os vinhos de mesa ordenam-se de norte para sul, separando os brancos dos tintos. Das relíquias que por ali se encontram, destaque para vinhos madeira muito antigos (de 1720, 1760, 1780 e 1795) a custarem vários milhares de euros; um madeira terrantez de 1720; um Niepoort raríssimo de 1945. Da lista de vinhos de mesa, cujos valores mínimos variam entre €6 e €8 e o mais caro rondará os €400/€500, saliente-se o Barca Velha de 1964, 1965 e 1966, bem como os vinhos de Colares dos anos 50. São os vinhos velhos que mais estimulam Jaime, habituado a comprá-los em leilões ou em garrafeiras particulares, "dá-me gosto beber e as datas dão-me vontade de ir investigar a sua história".
 
 
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