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Vinhedos, insectos, ervas e pinhal dão vinho biológico |
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Lusa/Açoriano Oriental | 09-08-2011 |
Podem-se cruzar as estradas da região vinhateira do Dão, uma das mais importantes de Portugal, e não ver uma vinha? estão ?escondidas? entre os pinhais e o penedio. É essa a sua magia.
Diz-se no Dão que seguir as estradas de terra ou secundárias é a melhor forma de descobrir os vinhedos da região, mas para encontrar uma das 110 mil garrafas de vinho biológico produzidas pela Casa de Mouraz, com sede em Tondela, pode ser preciso ir à Suíça ou à Alemanha.
A Casa de Mouraz e a sua associada António Lopes Ribeiro – Wines, Lda, produzem anualmente 200 mil garrafas, das quais 110 mil no Dão e as restantes distribuídas pelo Douro, Alentejo e região dos Verdes, mas 97,5 por cento da produção, integralmente sob os cânones da produção biológica, é exportada.
A Suíça, Alemanha e Áustria são os principais mercados, com o circuito dos vinhos biológicos ligados à Casa de Mouraz a abranger 14 países, entre os quais a China.
A produção biológica, sinaliza António Lopes Ribeiro, que comanda o negócio da família - herdado do pai, também António, e um dia passará para o filho… outro António -, “permite e facilita criar vinhos mais personalizados”, mas admite que “é nas análises (onde não aparecem, por exemplo, pesticidas) e não nas provas que melhor se distingue o vinho biológico do convencional”.
"Quando falamos de vinho queremos que este exprima o mais possível o lugar onde a vinha está plantada”, explica António Lopes Ribeiro num primeiro ponto, ao qual acrescenta um segundo: “Quando falamos de um vinho que não é trabalhado de forma biológica, sem falar de certificações, inquinamos a terra com agroquímicos, nomeadamente através da rega".
Depois vem o terceiro ponto: "… e estamos a criar uma vinha preguiçosa, com enraizamento superficial, logo, não é fácil criar vinhos muito personalizados, que expressem bem o lugar de origem".
Isto, para concluir que, com agricultura biológica, é mais fácil conseguir um vinho que exprima melhor o “terroir”, o contexto onde a vinha cresceu, com raízes profundas e é isso que vai dar a especificidade ao vinho.
Em suma: “Se na vinha temos vida, plantas, insetos, se tudo está em equilíbrio, os vinhos são mais interessantes, mais personalizados… até porque são feitos a partir de vinhas com um enraizamento mais profundo, são obrigadas a ir mais fundo, a trabalhar mais, ao contrário das vinhas convencionais, cujo enraizamento, por norma, é mais superficial”.
Mas não se pode dizer que a vinha biológica é como as silvas ou as giestas, há produtos aceites, mas nenhum é um químico de síntese, como explica António Lopes Ribeiro: “Os menos bons que usamos são os cobres, para o míldio, por exemplo, embora em doses que nem sequer surgem nas análises”.
“São doses muito baixas porque há limites legais, não há contaminação nem nos vinhos nem nos solos… e o cobre é um elemento natural… os enxofres, também aceites nas doses limitadas, são produtos naturais, que sempre se utilizaram, com toxicidade nula”.
Usam-se na produção de vinho biológico “muitos produtos que, na verdade, se podem comer, inócuos, como as tisanas e as argilas”, aponta Lopes Ribeiro.
Hoje, a Casa de Mouraz e a António Lopes Ribeiro – Wines Lda têm um volume de negócios na ordem dos 600/700 mil euros, tendo, de 2009 para 2010, passado de uma produção de cerca de 100 mil garrafas para as 200 mil, admitindo que este ano esse número seja ultrapassado com uma dimensão razoável. |
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