Universidade de Vila Real quer ajudar videiras do Douro a enfrentar alterações climáticas
Lusa | 04-08-2011

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, lidera um projecto que, nos próximos três anos, vai estudar as alterações climáticas e formas de mitigação dos efeitos do calor e falta de água nas videiras do Douro.

A produção vitivinícola é uma actividade fortemente influenciada pelo clima. Os eventos meteorológicos extremos podem provocar perdas numa determinada colheita, enquanto as alterações no clima a longo prazo, podem dar origem a modificações no potencial de maturação e no estilo de vinho.

“O nosso clima está a mudar. Alguns indicadores dizem que o clima vai ficar mais quente e mais seco”, afirmou Moutinho Pereira, investigador da UTAD, responsável pelo “ClimeVineSafe”, que vai ser apresentado no dia 25, no Pinhão, no decorrer do workshop “Clima e relações hídricas na videira: caso de estudo no Douro”.

O projecto vai, precisamente, estudar os dados climáticos dos últimos anos para “comprovar” alterações e ainda investigar técnicas de mitigação do stress estival que poderá ser provocado na videira.

O investigador explicou que, neste momento, está a ser feito um ensaio na UTAD com a casta Touriga Nacional, através do qual está a ser investigada a aplicação de caulino, uma “argila inerte que dá um aspecto esbranquiçado às folhas das videiras”.

“Em dias de muito sol, a folha não aquece tanto e logo não sofre escaldão. Está mais protegida. É uma espécie de protector solar para a videira”, explicou o responsável.

Trata-se de um estudo preliminar que, no próximo ano, poderá ser aplicado numa vinha comercial e alargado a mais castas da Região Demarcada do Douro.

“Ficávamos felizes se, no final do projecto, pudéssemos dizer à região como vai ser o clima daqui a 50 ou 100 anos e se pudéssemos ainda contribuir com alguma indicação para os viticultores. Dizer o que têm que aplicar ou como cultivar a vinha para esta sofrer menos”, salientou.

O projecto tem a parceria da Universidade de Aveiro e da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e conta com um apoio financeiro de 160 mil euros por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
 
 
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