O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, lamentou hoje que as ajudas aos produtores do Douro cujas vinhas foram a fectadas pela queda de granizo estejam a chegar «a conta gotas» e fora de tempo.
Durante uma visita realizada hoje à tarde a uma vinha do concelho de Sa brosa, na presença do presidente do PSD, Marques Mendes, o responsável da Casa d o Douro disse aos jornalistas já ter ouvido várias críticas dos produtores.
«As ajudas estão a vir a conta gotas, não estão a vir no tempo em que era necessário e dá-me a impressão de que estão a vir por reacção e não por acçã o do Governo», criticou.
Segundo a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Dou ro, o mau tempo provocou prejuízos em 1700 hectares de 17 freguesias dos concelh os de S. João da Pesqueira e Tabuaço, no distrito de Viseu, e de Sabrosa e Alijó , no distrito de Vila Real.
Manuel António Santos lembrou que, «perante a catástrofe», a Casa do Do uro disse logo o que era necessário fazer e, na sexta-feira, anunciou que ia dis ponibilizar «a preços simbólicos» os produtos necessários para o tratamento das videiras afectadas, nomeadamente cálcio (utilizado para cicatrizar a videira).
«No próprio sábado houve muitos produtos distribuídos pela Casa do Dour o e no domingo, se necessário, também o faríamos, porque os agricultores, nestas situações de catástrofe, não têm sábados nem domingos, há que acudir», frisou.
No sábado, foi divulgado que o Ministério da Agricultura vai disponibil izar gratuitamente, a partir de hoje, cálcio para tratar as vinhas afectadas.
Os apoios são distribuídos pela Direcção Regional de Agricultura de Trá s-os-Montes e pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), em colaboração com as câmaras municipais e juntas de freguesia das áreas atingidas. «Não nos ouviram e começaram agora a actuar. Actuam em nome deles, mas, pelos vistos, com dinheiros das profissões», criticou Manuel António Santos, co ntando ter ouvido comentários de que será o IVDP a adiantar o dinheiro para o cálcio.
Segundo o responsável, já os produtos distribuídos pela Casa do Douro s eriam à custa do seu próprio orçamento e chegariam aos agricultores «a tempo e h oras de ainda serem eficazes».
Manuel António Santos disse também ter ouvido críticas relativamente à forma como está a decorrer a distribuição do cálcio, considerando que este produ to «a uns é capaz de embebedar e a outros é capaz de faltar».
«Nós, que iniciámos o processo e queríamos ser colaborantes e construti vos, entregaríamos os produtos de acordo com as áreas afectadas», garantiu.
Marques Mendes, que lamentou o ano de trabalho perdido pelos agricultor es do Douro, reafirmou o que tinha defendido de manhã numa vinha de Ervedosa do Douro, no concelho de S. João da Pesqueira.
Para o líder do maior partido da oposição, «é momento de o Estado exerc er a sua solidariedade» e dar aos produtores uma compensação financeira para rep osição do potencial produtivo. |