Esteve guardado em segredo até agora, porque, como manda a tradição do grupo, o vintage deve ser anunciado a 23 de Abril, dia de São Jorge: Fladgate Partnership confirma hoje a decisão de declarar vintage em 2009 para as casas Taylor´s, Fonseca e Croft. Uma declaração histórica.
O grupo Fladgate Partnership anuncia hoje a decisão de declarar vintage em 2009 para as casas Taylor"s, Fonseca e Croft. Trata-se de uma declaração histórica, pois, em mais de três séculos de produção de vinho do Porto, só muito raramente houve na mesma década quatro vintages clássico (designação que se dá à elaboração de vintage com as marcas principais das empresas do sector e que podem resultar do lote de vinhos de várias quintas). Na década passada, houve vintage clássico em 2000, 2003 e 2007.
O Porto vintage é um vinho de uma só colheita que só se produz em anos de excepcional qualidade. O critério de declaração costuma ser tão apertado que já soa a festa quando ocorrem três anos de vintage clássico na mesma década. Quando o ano é mesmo bom, é normal haver uma declaração generalizada de vintage clássico, envolvendo todas as grandes casas do sector. Nestes casos, diz-se que foi "um ano vintage". Nos anos menos bons, o normal é haver declaração de vintage de quinta (vintages produzidos com uvas da mesma propriedade). É, de resto, o que deverá acontecer com a colheita de 2009. A maioria das grandes casas não irá declarar vintage clássico.
Depois da colheita de 2007, uma das melhores de sempre no Douro, julgava-se que já não haveria mais nenhum grande vintage até ao final da década. À partida, o ano com mais potencial tinha sido o de 2008, bastante parecido com o de 2007, ou seja, com um Inverno chuvoso e um Verão moderado e relativamente seco. O ano de 2009 ficou marcado pela ocorrência de picos de calor extremo no Verão, o que, em teoria, não é o mais aconselhável. Acontece que foi também um ano de baixa produção, o que favorece a densidade e a concentração de cor, taninos e açúcar nos vinhos. Por outro lado, a diversidade intrínseca do Douro (os vinhos do Douro Superior são diferentes dos vinhos do Cima Corgo e, numa mesma quinta, há vinhas com diferentes exposições) permite compensar o excesso de maturação de algumas vinhas com a maior frescura de outras. E, tudo somado, pode tornar possível a obtenção de grandes vinhos do Porto.
"À semelhança dos grandes vinhos do Porto vintage do início do século 20, os vintage de 2009 são vinhos de longa guarda", assegura Adrian Bridge, o Director-Geral da Fladgate Partnership, sublinhando que é em anos como estes "que a pisa tradicional revela as suas verdadeiras vantagens qualitativas, conferindo aos vinhos maior densidade mas assegurando uma extracção muito equilibrada". David Guimaraens, enólogo do grupo, é ainda mais efusivo: "Há mais de vinte anos que não víamos uma intensidade de cor e um índice fenólico como este. Para mais, a qualidade da fruta é excepcional e os vinhos apresentam uma acidez excelente", diz.
O vintage da Taylors é feito maioritariamente com vinhos das quintas de Vargellas (Douro Superior) e da Terra Feita (Cima Corgo). A quinta do Junco (Cima Corgo) também contribui com uma pequena percentagem.
No lote do Fonseca entram vinhos das quintas do Panascal, Cruzeiro e Santo António, situadas todas na sub-região do Cima Corgo.
O vintage da Croft é o único que tem origem numa só propriedade, a fantástica Quinta da Roêda, junto ao Pinhão (Cima Corgo).
Como manda a tradição, a declaração de vintage do grupo Fladgate Partnership é anunciada no dia 23 de Abril, dia de São Jorge. Os vinhos deverão sair para o mercado no próximo Outono e, segundo o comunicado do grupo, as quantidades produzidas serão inferiores às dos últimos três vintages declarados. |