Grupo Amorim investe 3 milhões de euros no Douro nos próximos cinco anos. Os novos projetos do grupo contemplam a plantação de vinha em São Cibrão e uma linha de engarrafamento na Quinta Nova.
Todos os anos, Luísa Amorim e a sua equipa deixam o Douro para ver o que de melhor se faz a nível vitivinícola no mundo, da vizinha Ribera del Duero à Austrália. Foi assim que nasceu o projeto Atelier do Vinho, lançado durante esta vindima nos antigos lagares de granito da adega da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, junto ao Pinhão.
Ao lado do moderno lagar mecânico, duas cubas pequenas em inox e três balseiros de madeira de tanoarias diferentes recebem as melhores uvas dos melhores talhões da Quinta para este trabalho de pormenor, quase manual, de estudo, experimentação e investigação.Convicta de que "para fazer um bom vinho não é preciso uma adega de €10 milhões", Luísa Amorim, diretora-geral da Quinta, investiu aqui €80 mil na esperança de criar "um vinho único, excecional" e "melhorar a coleção de vinhos de Reserva" do seu portefólio.
Os primeiros resultados deste trabalho deverão chegar ao mercado dentro de três anos e permitir aumentar o valor dos vinhos destes 120 hectares na margem direita do Douro, que já pertenceram à Real Companhia Velha e à Burmester antes de passarem para as mãos da família Amorim, em 1999.
Ligação à cortiça
Mais do que limitar-se a produzir vinho para aplicar algumas das rolhas produzidas nas fábricas do grupo, Luísa já canalizou para aqui investimentos de €8 milhões. O montante, "modesto quando comparado com outros projetos da região", permitiu criar o primeiro hotel vínico português, juntar aos 35 hectares de vinha iniciais mais 50 hectares de vinhedos, todos classificados com a letra A, e reformular a adega. O projeto contemplou, também, o nascimento da Wine House, uma loja e museu dedicados ao vinho, no interior da estação de caminho de ferro do Pinhão.
A Quinta tem no seu currículo prémios na área do enoturismo e nos seus vinhos e tornou-se palco privilegiado de visitas para negócios do grupo ligados à cortiça. Produziu 200 mil garrafas em 2009, 14 mil das quais na gama de vinhos Grande Reserva, que vai crescer até às 25 mil.
Com três vinhos do Porto nas categorias especiais e nove vinhos de mesa divididos em três segmentos, dos €6 aos €38, a empresa dá emprego a 20 pessoas e gerou um volume de negócios de €1,7 milhões em 2009, que atingirá os €2,2 milhões este ano. O mercado externo representa 35% das vendas, com destaque para o Reino Unido, Escandinávia, Suíça, China, América do Norte, Angola e Brasil. A Ásia é um dos focos de crescimento e a Índia é um mercado onde a Quinta Nova "gostaria muito de estar".
O próximo salto será dado no Douro Superior, com o investimento de um milhão na plantação de 25 hectares de vinha nos 180 hectares da Quinta de São Cibrão, comprada em 2001. É assim que o grupo começa a sustentar o crescimento do negócio (mais 70 mil garrafas em 2009) com uma base de produção própria.
Seguir o mercado
Em carteira está ainda a construção de uma linha de engarrafamento quando a produção chegar às 350 mil garrafas (atualmente este serviço é subcontratado), o reforço na oferta de produtos gourmet, dominados pelos doces, azeites e tisanas, o lançamento de produtos de cosmética e a aquisição de uma quinta para produzir uvas brancas.
Mas mais do que projetar o futuro, Luísa considera decisivo "ir trabalhando de acordo com as tendências do mercado. É o mercado que tem mostrado o potencial de crescimento dos vinhos topo de gama". Está, por isso, concentrada com os enólogos Francisco Montenegro e Pedro Pina Cabral no trabalho de ateliê para criarem mais um vinho Grande Reserva e "um vinho especial, até na rolha, que só chegará ao mercado após três anos de maturação em barrica e garrafa". |