Os turistas são guiados pelos vinhedos e socalcos da Quinta do Panascal, junto ao rio Távora, por um aparelho de MP3 que, em nove línguas, revela a história da Douro e dos vinhos da mais antiga região demarcada do mundo.
Localizada no concelho de Tabuaço, a Quinta do Panascal é a mais importante das três propriedades da Fonseca Guimaraens e foi a primeira do Douro a introduzir o sistema de visita áudio, já em 1992.
E os turistas gostam. " chegada à propriedade é-lhes entregue uma brochura com o mapa da quinta e um MP3 e depois partem pelos vinhedos sobranceiros ao rio Távora, passando pelos lagares onde as uvas que vão dar origem ao vinho do Porto ainda são pisadas pelo pé humano.
O canadiano Louie veio com a sua mulher ao Douro. A visita guiada pelo MP3 foi feita em francês e, no final, mostrou-se muito satisfeito.
"Ensinou-nos tudo sobre a região e o vinho do Porto, aprendi muito", afirmou à Agência Lusa.
Ana Margarida Morgado, relações públicas da empresa, explicou que a visita áudio informa sobre a história do vinho e da Fonseca, a viticultura, as várias castas, o processo de fabrico do vinho do Porto e também os modos de consumo.
"Temos esta visita disponível em nove idiomas, porque queremos que todos os turistas independentemente de onde vêm entendam o que é isto do vinho do Porto", salientou.
Ao Panascal, segundo Ana Margarida, chega uma média de oito mil turistas por ano provenientes de "todos os cantos do mundo", desde a Nova Zelândia ao Canadá, Japão, África do Sul.
São sobretudo visitantes que, segundo Ana Margarida, "querem aprender".
A responsável considera ainda que, sem este sistema, seria difícil ter funcionários sempre disponíveis, e a saber falar tantos idiomas, para guiar os visitantes.
Também Engrácia Beça, de Espinho, colocou os auscultadores do MP3 nos ouvidos e partiu pela vinha.
"É um óptimo sistema. Dá uma liberdade maior ao turista que pode parar quando quiser, ver a paisagem e ouvir a informação que lhe está a ser transmitida em várias línguas", frisou.
Parados em frente a um pequeno valado, uma espécie de exposição de várias castas durienses, o casal Luísa e Manuel Silva, do Porto, começa por ter alguma dificuldade em ligar o MP3, mas logo depois ouvem as indicações para seguir o percurso a pé, ao longo de seis pontos.
"É um guia diferente daqueles a que normalmente estamos habituados", salientou a visitante.
Luísa ficou encantada pelo Douro. Manuel já não gostou tanto das curvas da estrada que leva à quinta, mas admite que a "paisagem é linda".
Nos antigos lagares de granito, a equipa de José Albertino Leal pisa as uvas há algumas horas. Estes homens também são uma espécie de atracção para os turistas e por isso já nem ligam aos inúmeros "flashes" das máquinas fotográficas e às perguntas que lhes são lançadas.
"Passa por aqui bastante gente. Tem dias de passar por aqui mais de 200 pessoas", contabilizou este trabalhador que vem de propósito de Mondim de Basto trabalhar para o Panascal.
Depois do passeio, os visitantes regressam à sala de turismo e podem provar dois vinhos do Porto.
Fundada em 1822, a Fonseca Guimaraens é sobretudo uma casa exportadora, vendendo 80 por cento dos seus vinhos para o exterior. |