Variações bruscas de temperatura, chuvadas e até algumas doenças na vinha não tiveram mplicações negativas na qualidade e quantidade do néctar previsto para este ano.
Focos de oídio, ataques de míldio, calor intenso e chuvadas não foram suficientes para que a produção de vinho deste ano não cresça em todas as regiões do país. As perspectivas são boas, tanto em termos quantitativos como qualitativos. A campanha arranca amanhã, segunda-feira, em força.
No Minho, onde as vindimas são, como de costume, as últimas, por causa da maturação, começam também amanhã. Manuel Pinheiro, da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, acredita que a produção vai aumentar entre 8% a 10% em relação ao ano passado. Traduzido em números concretos, significa que este ano a região dos verdes e dos alvarinhos atinge uma produção que ronda os 94 milhões de litros de vinho, cifra igual à alcançada na campanha de há cinco anos.
Relativamente à qualidade, Manuel Pinheiro também tem boas expectativas: "Média a média-alta". Apesar das chuvas intensas da Primavera e do calor intenso do Verão, aquele responsável garante que "o clima aliviou a produção". Isto é, "não houve geadas nem grandes quedas de granizo que destruíssem a uva ainda em flor". E a vaga de incêndios que atingiu a região neste Verão "destruiu poucas vinhas".
"É óbvio que o calor intenso causou algum stress hídrico e desidratação das videiras, mas a chuva dos últimos dias foi excelente para aliviar todo os contratempos", explicou Manuel Pinheiro. Apesar disso, houve algumas culturas atacadas por míldio e flavescência dourada (doença de quarentena com origem num parasita vegetal), mas cujo reflexo na produção influenciou apenas o das próprias quintas.
Doenças
Alguns viticultores do Douro conseguiram travar a tempo, durante esta campanha, pequenos focos de oídio, fazendo com que, também na região dos vinhos do Douro e Porto, se preveja um aumento na produção de 13%, isto é, qualquer coisas como 150 milhões de litros de vinho. De facto, diz Vilhena Pereira, do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, "este ano, temos uma colheita um pouco mais elevada quantitativa e qualitativamente". Nasceram mais uvas, houve menos doenças (as que houve foram atempadamente controladas) e "a humidade dos solos foi perfeita para os vinhos da região", explicou aquele responsável, acrescentando que "a chuvinha destes últimos dias afectou positivamente a fotossíntese da videira", levando à produção, medida em pipas de vinho, entre 280 mil e 300 mil em toda a região.
Refrescamento da raiz
Na verdade, a chuva provocou um "refrescamento da raiz e maior hidratação do bago", o que equivale, na prática, segundo Vilhena Pereira, a uma menor percentagem de açúcar, mas, depois, a "um processo de maturação excelente". Nesta altura, já quase todo o branco foi vindimado e, amanhã, arranca a apanha da uva tinta.
Na zona da Bairrada, a vindima já vai a meio. Em meados de Agosto começou a apanha das castas pinot e chardonnay. "A vindima do espumante está quase no fim, porque este tipo de vinho, em termos de acidez, exige um grau mais baixo de maturação", diz o responsável da Comissão Vitivinícola da Bairrada. Na segunda quinzena do mês, vem a época da recolha das castas tintas.
O calor de Agosto, não esconde Côrte Real, "causou desequilíbrio no grau alcoólico e acidez", mas nada que a quase milagrosa chuva não remediasse. Quantidades? Boas. "Este ano, prevê-se que os brancos aumentem entre os 15% e 20% e os tintos de 17% a 20%". Em termos globais, resulta num quantidade de cerca de 27 milhões de litros de vinho.
Problema mais difícil de ultrapassar que a meteorologia continua a ser a falta de mão-de-obra e do envelhecimento dos viticultores. Situação que não se resolve, para já, com soluções tecnológicas. |