Exposição no Museu do Vinho do Porto evoca história da região demarcada
No Douro há 250 anos
O Primeiro de Janeiro | 15-07-2006

Há 250 anos Marquês de Pombal criou a Região Demarcada do Douro e não teria a noção do impulso que estava a dar para os séculos seguintes. A importância da sua decisão está justificada na exposição «250 anos depois», no Museu do Vinho do Porto até Novembro.

 A reitoria da Universidade do Porto (UP) inaugurou uma exposição no Museu do Vinho do Porto para assinalar os 250 anos da criação da Região Demarcada do Douro, definida por Marquês de Pombal em 1756. A decisão então tomada não fazia crer que marcaria o futuro de toda esta área, mas é vista na actualidade como o principal factor que impulsionou a região e a própria cidade do Porto. Ainda assim, e apesar da importância da exposição pelos valores que transmite, na inauguração não compareceram os promotores que se esperava. O reitor da UP fez-se representar pelo vice-reitor Jorge Gonçalves e o presidente da câmara foi substituído pelo director municipal dos Serviços da Presidência, Manuel Cabral.

A entrada da exposição faz-se com um grande painel com fotografias de Lúcia Duarte, que parecem encaixar umas nas outras, e um texto que contextualiza a decisão de Marquês de Pombal. “Os vinhos estavam a perder qualidade e nos mercados ingleses deixou de ser vendido como solução para problemas gástricos e passou a ser visto como um produto venenoso que fazia mal à saúde”, explicou na inauguração o comissário Barros Cardoso. Para fazer face à sobreprodução e à consequente descida dos preços Marquês de Pombal criou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro que mandou arrancar algumas vinhas e limitou a área onde se podia produzia. A regulação do mercado fez-se sentir até à fixação de preços mínimos de modo a ultrapassar a especulação imposta pelos ingleses.

A partir do primeiro painel a história de toda esta região que se distingue pela produção e comercialização do Vinho do Porto faz-se com objectos seculares. Nas vitrinas encontra-se uma letra bancária de D. Antónia Ferreira, uma das principais produtoras e comerciantes do sector, um conjunto de documentos contabilísticos relacionados com o comércio do Vinho do Porto, medidores, um objecto utilizado para polvilhar as videiras com enxofre e embarcações em miniatura que recordam o transporte secular pelo Rio Douro. Dos vários pormenores que se contam, uns para um público mais velho e outros com a preocupação de serem perceptíveis a crianças, encontra-se ainda o primeiro mapa da Região Demarcada do Douro, feito em 1840 pelo barão Forrester e impresso cinco anos mais tarde em Londres.

Apesar de o comissário Barros Cardoso reiterar que esta é uma “exposição pequena”, os visitantes podem encontrar informação muito diferente para contar a história da região do Douro. Uma das imagens que chama a atenção é um anúncio publicitário notoriamente com vários anos em que o slogan é «Abençoado Vinho do Porto». A imagem escolhida para a publicidade é um bispo a olhar para um cálice cheio e com a mão no peito para transmitir um ar de satisfação.

Responsabilidade da UP

Na inauguração da exposição, organizada pela UP através do IRICUP - Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns, em colaboração com o GEHVID - Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto da Faculdade de Letras e a Câmara do Porto, o vice-reitor Jorge Gonçalves salientou a “responsabilidade acrescida” da academia se associar a esta data por ser uma obrigação valorizar este património e pela companhia criada por Marquês de Pombal ter estado na origem da Universidade do Porto. Para dar qualidade ao sector, estipulou-se que era preciso aprender sobre negócios, inglês, francês e náutica. Daí surgiu a escola que antecedeu a criação da UP em 1910. Já o director municipal Manuel Cabral destacou a importância da exposição por ser uma referência a um passado útil em termos prospectivos.
A mostra está aberta ao público até Novembro e nos dois últimos meses fica completa com a realização de oito conferências temáticas alusivas à história da Região do Douro, dos vinhos que se produzem e à importância económica e social que têm na cidade do Porto. Será ainda abordado o desenvolvimento da agro-indústria dos Vinhos do Porto e do Douro.
 
 
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