Vinhos e turismo de qualidade
Vasco d'Avillez | ionline | 22-07-2010

Portugal tem de entrar na rota do turismo de qualidade. Os nossos vinhos podem ser bons embaixadores, mas para isso é preciso trabalhar.

Os vinhos de Portugal têm uma necessidade enorme de ser promovidos porque o país é pouco conhecido e porque pouco se tem feito pela divulgação da sua imagem no exterior, certamente por várias razões, entre as quais o elevado custo dessa promoção.

De facto, Portugal sempre se quis afirmar como destino turístico, e nesse sentido faz campanhas e promoções através do Turismo, muitas das quais com algum êxito.

No entanto, até agora apenas conseguimos atrair turismo que tem orçamentos limitados ou turismo do tipo "mochila às costas", que no final da viagem não deixam grandes réditos em Portugal. Estamos numa encruzilhada.

Quando vêm, estes turistas instalam-se num hotel onde ao pequeno-almoço se alimentam para o dia todo, porque esta refeição está incluída no preço do quarto que alugaram e porque não têm dinheiro para mais. A encruzilhada consiste em aproveitarmos este momento para tentar atrair desde já outro tipo de turistas e apresentar-lhes verdadeiramente a nossa cultura, as nossas tradições, a nossa gastronomia, e com ela os nossos melhores vinhos, seu corolário.

Acções como a que descrevo para a promoção dos vinhos de Portugal têm de ser desenvolvidas ao melhor nível que nos seja possível. Para isso o Estado tem inúmeras agências capazes de liderar e se quiser pode usá-las, conforme as ocasiões.

Desde logo, o Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), que é o organismo encarregado de promover o vinho. Mas tem também as várias organizações do vinho, como as comissões vitivinícolas regionais e as associações do sector, como sejam a Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (ANDOVI), a Associação dos Comerciantes e Industriais de Bebidas Espirituosas e Vinhos (ACIBEVE), a Associação Nacional dos Comerciantes Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE), o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e, claro, a Viniportugal, iniciada há quase 14 anos com o intuito de promover os vinhos de Portugal dentro e fora do país. Como foi incumbida de promover todos os vinhos de Portugal, é isso mesmo que deve fazer, e para tanto está dotada de um orçamento. Aconteceu que uma destas promoções, a ser feita no Canadá, foi apresentada a todos os operadores em Fevereiro de 2010. Ora eis-nos perante um óptimo exemplo de um país de onde queremos atrair turismo. Então que fazer?

Há que estudar cada acção e definir os meios que a ela podem e devem ser alocados. Os orçamentos deveriam incluir despesas para acções promocionais deste tipo, como fez a Viniportugal no orçamento QREN. Deveria criar-se um acesso rápido às tais agências do Estado para que o Turismo, e neste caso os Vinhos de Portugal e as demais agências, pudessem responder afirmativamente desde a primeira hora. Não se procedeu assim e os resultados foram menos bons para todos! Não podemos dispersar meios nem perder oportunidades!
 
 
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