O produtor de vinhos da Bairrada Luís Pato está a comemorar 30 anos do primeiro tinto em nome próprio, elaborado em 1980 e premiado em Londres na primeira prova que a região vinícola promoveu fora de Portugal.
Em declarações à Lusa, Luís Pato recorda o tinto que fez, na altura, a título de passatempo mas cujo primeiro prémio, em 1984, acabaria por o "arrastar" para o mundo da produção vitivinícola, seguindo a tradição familiar.
"Um vinho que eu tinha acabado de tirar da cuba de cimento para o mandar para a prova, ser considerado o melhor, criou-me um entusiasmo que, até hoje, prevalece", revelou.
Uma das apostas da Adega Luís Pato revela-se na casta Baga, cuja "notável" capacidade de envelhecimento resultou em vinhos "excepcionais" como os tintos de 1980, 90 e 95, assinala.
No entanto, a localização geográfica "próximo do mar" e a "nebulosidade" característica do verão na região da Bairrada - onde "nunca há excesso de calor nem de luz", frisa - criam "problemas" à maturação da uva Baga.
"A Baga tem uma produtividade muito elevada. Com este tipo de clima nunca atingiremos uma maturação plena, [só] apenas em anos muito excepcionais", argumentou.
Dificuldades que Luís Pato contraria, na Quinta do Ribeirinho, com um novo processo, espécie de vindima precoce, do qual reclama a paternidade e garante "único no mundo", posto em prática a partir de 2001.
"Duas vindimas, na mesma videira, em tempos diferentes na mesma colheita", diz, explicando que em finais de Agosto, mais de 50 por cento das uvas são vindimadas "para fazer espumante rosado de Baga".
As uvas restantes são colhidas no final de Setembro: "estão muito mais maduras, muito mais saborosas, vão dar um vinho tinto melhor". "Eu agora estou a ajudar a Natureza mas de uma forma natural. Resultou do trabalho de pesquisa ao longo dos 30 anos em que estou nisto, por causa do [tinto] de 1980", rematou. |