Alvarinho consegue estatuto de casta protegida exclusiva
Jornal de Notícias | 03-05-2010

Só os vinhos de Monção e Melgaço é que podem exibir no rótulo a designação de "Alvarinho".

O consumidor tem agora um novo instrumento para ter a garantia de que quando compra um Alvarinho é o autêntico, isto é, proveniente de Monção e Melgaço, graças a novas regras de rotulagem que lhe conferem um regime de excepção.

Os produtores de Alvarinho da sub-região Monção e Melgaço vão a partir de agora ter assegurado que o vinho por eles produzido chegará ao mercado com a denominação indicada no rótulo da garrafa sem risco de que vinhos de mesa concorrentes o ostentem também. Através da portaria 199/2010, publicada a 14 de Abril em Diário da República, o Ministério da Agricultura estabeleceu normas que, de uma forma geral, pretendem "assegurar a veracidade das indicações no rótulo e evitar o risco de confusão dos consumidores" em relação aos vinhos produzidos em território nacional, e que, no caso particular do referido vinho verde branco, lhe conferem um estatuto de casta protegida exclusiva.

"A decisão pública de proteger a designação Alvarinho da possibilidade de colocar a casta, que foi a única protegida a nível nacional, nos vinhos de mesa, foi muito favorável para a sub-região Monção e Melgaço", considera o vice-presidente da Adega Cooperativa Regional de Monção, Armando Fontaínhas, acrescentando que "os produtores desta zona ficaram muito satisfeitos, porque esta protecção implica que não pode, nos vinhos de mesa corrente, aparecer a indicação Alvarinho no rótulo. Se pudesse aparecer era muito mau. Imagine-se que a indicação da casta pudesse aparecer num vinho de mesa, em que não existe controlo nem da quantidade nem do vinho que lá está, isso seria muito mau para todos".

Contudo, segundo Fontaínhas, a principal ameaça ao Alvarinho não está, de forma alguma, controlada. "A nossa maior preocupação é que venham para o mercado vinhos em que o nome da casta da Alvarinho perca valor, porque vir um vinho de um grande produtor do Douro que seja um excelente vinho posicionado num patamar de preço elevado não é mau para a casta, nem para a sub-região Monção e Melgaço, mau é virem vinhos de um euro com nome da casta", esclarece, referindo-se à concorrência do Alvarinho que estará a ser produzido "no Uruguai, Chile, África de Sul...".

Seis euros é o preço médio praticado na distribuição pela adega de Monção, a maior estrutura cooperativa da região dos Vinhos Verdes, que em 2009 superou todos os seus próprios recordes, ao obter um resultado líquido de 3,2 milhões de euros.

"Deveu-se a uma política de contenção de custos ao longo do ano e também a um aumento de vendas. Pela primeira vez, a adega ultrapassou os 13 milhões de euros de vendas", afirma Armando Fontaínhas, indicando que "a forte presença" no mercado interno constituiu o principal factor impulsionador da facturação.
 
 
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