O novo espaço do acervo Berardo, intitulado Aliança Underground Museum, é inaugurado sábado em Sangalhos, Anadia, reunindo sete colecções de arte nos túneis das Caves Aliança, onde repousam vinhos há mais de 70 anos.
Em declarações à Lusa, Eduardo Medeiro, administrador da Aliança Vinhos de Portugal, realça a "dimensão surpreendente" do espaço, frisando que "arte e vinho casam muito bem um com o outro".
"Ao virar de uma esquina o visitante pode dar de caras com um par de barricas ou com uma obra de arte de que não estava à espera. Produz um efeito surpresa nas pessoas", declarou.
O quarto espaço museológico do espólio do comendador Joe Berardo no País, que se junta ao Museu Colecção Berardo (CCB), Sintra Museu de Arte Moderna e Museu Monte Palace (Madeira), alberga obras de arte africana, azulejaria, cerâmica, minerais e fósseis.
Segundo uma nota do Aliança Underground Museum, o conjunto de fósseis que vai ficar exposto é um "extraordinário património paleontológico com mais de 20 milhões de anos", que inclui fósseis de rinocerontes, conchas, plantas ou peixes, entre outros, à qual estão associadas "largas dezenas" de madeiras petrificadas provenientes da Argentina.
Por seu turno, na colecção arqueológica, o museu apresenta um conjunto de figuras em terracota com cerca de 1500 anos, provenientes da antiga cultura Bura-Asinda-Sika, do Níger, África.
No espaço dedicado à Arte Etnográfica Africana encontram-se estátuas, máscaras, armas, artigos de joalharia e utensílios do quotidiano.
O continente africano está ainda representado pela Escultura Contemporânea do Zimbabué, um acervo de esculturas em pedra que reúne obras modernistas da comunidade de escultores de Tengenenge, com origem nos inícios da década de 60 do século passado.
Outra ala da exposição remete para a Cerâmica das Caldas da Rainha, concretamente para peças "raras e originais dos chamados período arcaico ao pós-bordaliano", que inclui cerâmica tradicional do século XX produzida por Rafael Bordalo Pinheiro e Manuel Cipriano Gomes.
Outra colecção, a de Azulejos, propõe diversos exemplares, produzidos entre o século XVIII e a actualidade, na sua grande maioria de origem portuguesa e francesa, enquanto a colecção de minerais é composta por várias centenas de amostras - ametistas, calcites, moscovites, variedades de quartzo ou turmalinas - provenientes, em grande maioria, do Brasil.
O logótipo do Aliança Undergroud Museum remete para a imagem de marca do metropolitano de Londres - o círculo vermelho atravessado por uma faixa azul com o termo Underground - comparando-o aos 7.500 metros quadrados dos túneis subterrâneos das Caves Aliança onde o museu está instalado.
"[O museu] Qualifica e moderniza a nossa relação com o vinho, de uma forma criativa e moderna", disse Eduardo Medeiro.
Por seu turno, na nota de imprensa, Joe Berardo classifica de "mais valia" e "ponto de atracão turística" a junção entre a "arte de fazer bons vinhos" e os espaços culturais.
"Sempre desejei criar sinergias entre estas duas áreas - produção vitivinícola e a cultura - e é para mim um orgulho inaugurar este espaço e disponibilizá-lo para a livre fruição pública", acrescenta. |