O responsável da Sociedade de Produtores de Vinho do Seixal diz que as alterações nos apoios comunitários para a reestruturação das vinhas levou a que alguns agricultores desistissem dos projectos já aprovados. Dos prometidos 75% de apoios, em alguns casos acaba por ficar em 50%, devido aos custos mais elevados na Região para fazer a reestruturação.
O responsável da Sociedade de Produtores de Vinho do Seixal (SPVS) adiantou ao JM que dois dos doze agricultores locais que tinham aprovados projectos de reestruturação e plantação de vinhas desistiram devido à diminuição dos apoios comunitários que se verificou este ano. Autor de todos os projectos de reestruturação das vinhas do Seixal e que integram a SPVS, Duarte Caldeira refere que estas desistências se deveram à redução efectiva dos apoios, que apesar, de estarem calculados em 75%, valor base no continente, na prática acabam por ficar nos 50% em alguns casos, devido aos custos mais elevados na Madeira.
Garante que já informou o secretário regional da tutela, que «não me meto em mais nada. Não vou fazer mais projectos agora, que façam os técnicos do Governo». Duarte Caldeira diz que «não estou para ser insultado, porque digo às pessoas que têm 75% de apoios, mas depois a alguns nem chega a 50%». Adianta que não desistiram mais agricultores por «insistência minha», apesar de as áreas a reestruturar serem pequenas.
Duarte Caldeira explica que os apoios para a reestruturação e plantação de vinhas têm uma base de 44.000 euros por hectare, ou seja, 4,40 euros por m2, recebendo o agricultor 75% desse valor. O problema destes apoios, sublinha, é que se trata de um valor base para o continente quando na Madeira os custos são mais elevados, desde as estacas de pinho tratado, arames e a própria vinha, que é tudo importado, além de que no continente o trabalho é mecanizado e na Madeira é manual. Neste contexto, frisou, este ano só poderão ter 75% de apoio aqueles que não tenham muros para recuperar, não têm sistema de rega e tanques e fazem o trivial, como cortar a vinha, cavar e plantar novas videiras. «Se há uma pessoa que quer fazer uma plantação como deve ser com as últimas técnicas que tem ao dispor, é penalizado, enquanto o que faz “à balda” recebe proporcionalmente muito mais apoio do que aquele que fez as coisas tecnicamente como deve ser», frisa.
Duarte Caldeira é de opinião que para a agricultura evoluir é preciso «acabar com grande parte das burocracias e o agricultor ser tratado com dignidade, pois há determinados organismos que tratam o agricultor com uma desconfiança que parece que é um ladrão». Aconselha o Governo a ter a preocupação de ouvir as pessoas que andam de forma permanente junto dos agricultores e possibilitar que os técnicos não tenham receios de dizer as coisas, pois o que se verifica é «um técnico ter medo de desagradar o poder político e então muitas vezes diz aquilo que o poder político quer ouvir e não aquilo que ele como técnico devia dizer».
Associação de Agricultores quer reconverter vinhas no Larano
A Associação de Agricultores da Madeira (AAM) está empenhada em desenvolver, juntamente com os agricultores locais, um projecto para a reestruturação das vinhas de produtor directo no Larano, Porto da Cruz. O objectivo é reconverter cerca de seis hectares de vinhas de produtor directo em castas brancas europeias e destinadas à produção de vinho de mesa, que passaria a ter a designação do local. O presidente da AAM adianta que a área objecto de intervenção é propriedade de quinze agricultores, tendo já sido realizado um levantamento cadastral e parcelar, estando já delimitadas todas as explorações. Paralelamente já foi realizada uma primeira reunião com os agricultores onde foi abordada a hipótese de reconversão. João Ferreira explica que até ao final deste ano ou início de 2007 a AAM pretende apresentar a candidatura deste projecto para apoios dos fundos comunitários. Brevemente deverá haver mais reuniões com os agricultores para saber quem quer aderir e avançar com uma candidatura única.
AAM pretende fazer um projecto colectivo
O objectivo é realizar um projecto colectivo para todos os agricultores ou para os que queiram aderir. «O projecto visa abranger toda a gente, mas cada um com a sua área de terreno», frisa João Ferreira, referindo que a candidatura conjunta permite uma redução de custos e conseguir melhores apoios e outras condições se for cada um com projecto isolado. Se esta ideia avançar, a plantação das novas vinhas, provalmente no próximo ano, vai copiar o método actual, ou seja, as videiras ficarem junto ao chão e não em latadas ou espaldeiras. Esta opção deve-se à incidência de maresia e do vento naquele local junto ao mar. A aposta será em castas brancas, estando a ser feito um estudo para apurar quais as que melhor se adaptam às condições climatéricas locais. O acesso a todas as explorações agrícolas do Larano é feito agora em melhores condições através da utilização de um teléferico de carga, onde é possível levar motocultivadores, adubos e outros utensílios para a prática agrícola, quando antes tudo era transportado por uma vereda. Refira-se que as veredas no Larano também estão a ser reconstruídas. |