Cópias do moscatel de Favaios estão a invadir o mercado, apresentando nomes, rótulos e garrafas semelhantes aos desta marca que baralham o consumidor, denunciou a Adega Cooperativa local que se queixa de concorrência desleal.
O presidente da cooperativa, Mário Monteiro, está preocupado com a situação e com o efeito negativo destas cópias para a imagem do verdadeiro "Favaios".
"O consumidor mais desatento pode nem se aperceber da diferença. Temos recebido várias queixas. No outro dia, escreveram-nos a dizer que o vinho tinha depósito e que estava alterado. As pessoas reclamam à marca e só percebem que foram enganadas quando lhes enviamos a nossa garrafa".
As cópias já existem há algum tempo, mas no ano passado houve "uma verdadeira invasão", com garrafinhas miniatura e de 0,75 litros a ser vendidas tanto no pequeno comércio, como nas grandes superfícies.
"As pessoas têm todo o direito de produzirem e comercializarem moscatel. O que não conseguem é criar uma identidade para o seu moscatel, daí arranjarem estas cópias com o intuito de enganar o consumidor e vender à nossa boleia", indignou-se o responsável.
Mário Monteiro aponta alguns casos, como o Pousada, que apresenta um rótulo e uma garrafa "muito parecidos" ou o Favos, cuja designação comercial têm uma semelhança óbvia com a marca Favaios. "Isto é concorrência desleal", desabafa, sublinhando que as "cópias são negociadas a preços extremamente baixos", que podem ficar 40 por cento abaixo do Favaios.
A Adega Cooperativa já protestou junto de várias entidades, mas não teve sucesso.
"Estes vinhos são certificados pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), que aprova quase tudo desde que cumpra determinadas regras", adiantou o presidente.
O Pousada chegou a ser retirado do mercado durante cerca de 15 dias, por determinação da ASAE, mas o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que protege as marcas, não deu razão às queixas da adega de Favaios.
"O INPI não nos ouviu e tomou uma decisão favorável à concorrência, disse que não havia motivos para a nossa queixa. Já desistimos, não vamos gastar mais dinheiro com advogados", resigna-se Mário Monteiro.
Apesar de ter vendido menos litros de Favaios em 2009 do que no ano anterior (4.665.012 litros contra 5.693.697 em 2008), a adega cooperativa manteve a quota de mercado.
"A quota de mercado continua a ser semelhante, por isso o que houve foi um abrandar do consumo do álcool", justifica o mesmo responsável, destacando a qualidade deste moscatel que lhe mereceu 32 medalhas em 2009.
A faturação desceu de 12 para dez milhões de euros, entre 2008 e 2009, mas o valor da exportação aumentou, passando de 1,2 para 1,5 milhões de euros, apesar de Portugal se manter como o principal mercado, com mais de 80 por cento das vendas.
Mário Monteiro indica como principais mercados de exportação o Luxemburgo, Suíça, França e Alemanha, países onde existe um elevado número de emigrantes portugueses, mas salientou que o Favaios é vendido nos cinco continentes e chega a regiões como a China, Macau, Angola ou os EUA. |