Condições climatéricas adversas provocaram quebra na produção de vinho no Alentejo
Público | 09-11-2009

Era esperado um aumento de 12 por cento na produção, mas a perda de 20 por cento de sumo de uva levará à correspondente diminuição de vinho.

A região alentejana assistiu, este ano, a uma quebra na produção de vinho motivada por condições climatéricas adversas. O facto de Agosto ter sido quente e seco, sem as habituais humidades matinais, situação que se prolongou pelo mês de Setembro, não permitiu a recuperação de peso no bago de uva, pelo que o resultado final foi uma diminuição de entrada nas adegas e consequentemente menos vinho produzido.

De acordo com as estimativas apontadas por Óscar Gato, técnico da Adega Cooperativa de Borba, pode concluir-se que se perdeu este ano na vinha da região alentejana cerca de 20 por cento de sumo de uva. O que, acrescentou a mesma fonte do sector vitivinícola, "se tal não tivesse acontecido, a quantidade total de vinho produzido na região seria de mais 20 por cento".

Francisco Mata, da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo, também confirmou os maus resultados e adiantou que não se concretizou o esperado aumento da produção de 12 por cento, em relação ao ano de 2008, que equivaleria a cerca de 88 milhões de litros de vinho no corrente ano. Estas perspectivas relativamente à produção resultam, segundo o dirigente vitivinícola, das estimativas que são feitas antes da época de vindimas e que têm por objectivo dar uma primeira ideia da produção, quer sob o aspecto quantitativo quer qualitativo: "Esta prospecção é efectuada, anualmente, com base num estudo elaborado a partir da captura de pólen, durante a época de floração, em conjugação com a opinião de técnicos e produtores da região".

Embora o valor final da quebra ainda não seja conhecido, uma vez que os produtores só entregarão as fichas de produção no final de Dezembro, Francisco Mata advertiu que a quebra na produção é uma realidade incontestável, sublinhando, contudo, que esta situação não se verificou apenas na região Alentejo, mas também noutras regiões vitivinícolas portuguesas.

O mesmo responsável adiantou ainda que apesar da redução do vinho produzido, "em nada influenciou a excelente qualidade das uvas, quer em termos sanitários e nas suas propriedades físico-químicas". Além disso, tendo em conta todo o contexto de produção actual, notou que o futuro do sector "está definido com a produção de vinhos de qualidade reconhecida, tal como se tem feito até aqui, procurando sempre que possível melhorar".

O dirigente associativo alentenjano salientou, no entanto, que no actual cenário de crise "são imensas as dificuldades" dos produtores associados, que só conseguem "ultrapassar ou minimizar os problemas daí resultantes com um grande esforço".
 
 
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