A polémica está lançada e António Soares Franco fica satisfeito com isso. Um vinho sem álcool que, afinal, não pode ser considerado vinho à luz das normas da União Europeia, justamente por possuir apenas meio grau de graduação - para ser vinho tem de chegar aos sete - , é a última novidade produzida pelo laboratório de José Maria da Fonseca. Chama-se Lancers Rose Free, por ser uma marca de prestígio com forte implementação no mercado externo que tenciona ir ao encontro de novos consumidores.
Trata-se de um processo mecânico que retira o álcool ao vinho. "Esta bebida gera preconceitos na cabeça dos enófilos quando abrem uma garrafa. Mas se eu lhes servir o vinho numa bandeja, a uma temperatura baixa e, sem lhes dizer o que é, ninguém percebe que está a beber um vinho sem álcool", garante o administrador, revelando que o objectivo inicial da venda de cem mil litros vai ser "largamente ultrapassado" em Maio de 2010, quando a campanha completar o primeiro ano. Uma afirmação que tem por base a recepção alcançada nos mercados da Suécia, França, Bélgica e Luxemburgo.
"Não se pode olhar para isto como um vinho topo de gama, mas antes como uma bebida sem álcool que sabe a vinho e que tem o seu tempo e pontos de consumo, mas também um outro perfil de consumidor", assevera António Soares Franco, recordando que metade dos portugueses não bebe álcool, acreditando por isso que este produto poderá representar uma revolução no mercado. "Neste momento, há países que ainda não compram porque isto mexe com a criação de uma nova nomenclatura legal", justifica, embora em Portugal a empresa assegure estar devidamente defendida, quer a nível da legislação do vinho quer na vertente fiscal. "O problema é que em alguns países, para quem está sentado à secretária, é sempre mais fácil dizer logo que não porque isto mexe com paradigmas", insiste o empresário, adiantando que depois de colocar o novo produto na América admite a hipótese de levar este processo ao extremo, retirando mesmo o meio grau de álcool para que o Lancers Rose Free obtenha autorização de venda nos países islâmicos. "Este é um mercado que nós não sabemos avaliar, mas isto estava pensado há muito tempo", confessa, defendendo que os produtores de vinho e os empresários que o vendem "têm hoje uma responsabilidade acrescida devido ao mau uso dado por muitos consumidores." |