O fim-de-semana prolongado registou a maior enchente de sempre no Douro. As 2500 camas disponíveis esgotaram por completo e houve quem dormisse no carro. Um sinal de que a região é cada vez mais atractiva.
A entusiasmada revelação foi feita, ao JN, por António José Teixeira, presidente da Rota do Vinho do Porto, à margem da festa de domingo à noite, em que foram apresentados 23 novos associados. "Este fim-de-semana não houve uma única cama livre em toda a região, os restaurantes estiveram completamente esgotados, a Régua esteve cheia de gente e até assisti, nesta cidade, a pessoas que dormiram dentro dos carros e na estação de comboios", disse.
Os operadores confirmam a enchente do fim-de-semana. O restaurante DOC, na Folgosa do Douro, Armamar, foi pequeníssimo para a procura. "De sexta a segunda-feira recebemos uma média de 200 clientes por dia", contabilizou o chefe Rui Paula, lamentando ter deixado de atender "cerca de 900 pessoas". E houve quem não tendo conseguido marcar uma refeição de autor para o fim-de-semana tenha "prolongado a estadia por mais um dia". "Já tenho sala cheia para amanhã [hoje]", salientou.
Na unidade de turismo de habitação do Casal de Tralhariz, em Carrazeda de Ansiães, Pedro Coelho, teve mais uma casa cheia. "Correu muito bem, na segunda-feira da semana passada já tinha as marcações feitas", sublinhou, satisfeito. Mas a placa "lotação esgotada" foi colocada muito mais cedo no hotel rural da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Sabrosa. "Já tínhamos este fim-de-semana completo há mais de um mês", avançou uma fonte ligada à unidade hoteleira. Celeste Pereira, da empresa de animação turística "Green Grape", apercebeu-se de gente que no fim-de-semana andou "desesperadamente à procura de quarto". Ela própria foi requisitada por três grupos mas não conseguiu alojar nenhum.
As vindimas são o maior atractivo do Douro. Os visitantes procuram participar nos trabalhos da recolha das uvas, lagaradas, provas de vinhos e passeios pelas quintas. O momento alto deste fim-de-semana foi o baile de gala das vindimas que decorreu na Casa do Douro juntando figuras do jet-set nacional.
A grande procura do fim-de-semana "é a resposta de uma região que está a acordar", sublinhou António José Teixeira, admitindo que "a única forma de o Douro se tornar um destino turístico - que ainda não é - passará pelo funcionamento em rede dos operadores". E na opinião do chefe da Estrutura de Missão do Douro, Ricardo Magalhães, o reforço da Rota do Vinho do Porto, só beneficia uma região que precisa de "parceiros cada vez mais fortes" para a projectar em todo o Mundo.
O próximo passo da Rota é lutar, primeiro, por manter a ocupação das unidades turísticas durante todos os fins-de-semana do ano, e, segundo, por ocupá-las também durante os dias úteis. "Para isso temos de ser inovadores e conseguir chamar pessoas em alturas absolutamente improváveis, do ponto de vista do turismo", disse António José Teixeira, que também ambiciona aumentar o interesse por zonas do Douro mais afastadas do eixo Lamego-Régua-Vila Real, onde se concentra a maior procura. |