As vindimas na Região Demarcada do Douro começaram mais cedo entre 10 a 15 dias para o que é normal neste território, por causa do tempo quente e seco, disse hoje à Lusa fonte da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID).
No entanto, a maturação da uva não foi homogénea pelo que a qualidade dos vinhos do Douro parece estar dependente do trabalho nas adegas e dos enólogos. Fernando Alves, responsável da ADVID, disse que o corte das uvas em algumas zonas do Douro começou mais cedo entre "10 a 15 dias" para o que diz ser "normal" em algumas regiões do Cima Corgo, seguidas do Douro Superior e Baixo Corgo.
Na origem desta precocidade está, segundo o responsável, o tempo "quente e seco", sendo que, até finais de Agosto, o Douro registava menos 30 por cento de precipitação do que em anos anteriores. A acelerar a maturação das uvas esteve também o calor que se fez sentir no último mês, durante o qual se registaram quatro dias de temperaturas superiores a 40 graus, tempo quente que se manteve no início de Setembro.Em 2008, raramente as temperaturas foram superiores aos 30 graus.
A Quinta do Portal, em Sabrosa, termina o corte das uvas brancas até ao final desta semana. "Nas castas brancas, acabamos a vindima claramente muito cedo. Mas os mostos em adega estão melhor que o esperado pelo controlo de maturação feito na vinha", afirmou à Lusa o enólogo Paulo Coutinho. No entanto, o responsável diz que é preciso ter "mais calma" nas castas tintas. "As temperaturas têm sido efectivamente altas, que prejudicam o normal funcionamento da planta e por consequência a maturação do fruto, mas estamos a assistir a uma maturação fenólica deficiente. Teremos que aguardar pela maturação de todo o fruto", referiu.
Paulo Coutinho salientou que se está a assistir no Douro a uma "desidratação do bagos, que leva a que já haja um grau potencial de álcool ideal, com tendência a atingir graus elevados". "Ou seja, corremos o risco de ter que decidir deixar aumentar esse grau alcoólico apesar do consumidor nos exigir vinhos menos alcoólicos. Por isso a decisão não é fácil", referiu. “É sem dúvida um ano de grandes decisões na adega", sublinhou.
Fernando Alves salientou ainda que as condições fitossanitárias são "excelentes", ou seja, "em termos sanitários as uvas estão limpas, não se verificando passas de podridão", Por isso mesmo considera que estão criadas as condições para que o Douro produza uma colheita de qualidade, no entanto, sublinhou que cabe agora aos enólogos saberem aproveitar o potencial de maturação de cada zona da região. |