O Governo promete que os impactos do TGV nas vinhas da Bairrada serão minimizados, em resposta a um requerimento do deputado José Manuel Ribeiro (PSD), hoje divulgada, esclarecendo que apenas serão ocupados 40 metros de largura.
Aquele deputado, em requerimentos apresentados ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e ao ministro da Agricultura, desenvolvimento Rural e Pescas, havia transmitido os receios de que o projecto do TGV possa vir a destruir várias dezenas de hectares de vinhedo, entre outros impactos negativos no concelho de Anadia.
José Manuel Ribeiro fazia referência a uma exposição da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), em que aquela entidade alertava contra a possibilidade de virem a ser afectadas “áreas de vinha contínua, recentemente plantada, por empresas produtoras de vinho de referência nacional e internacional”. “Trata-se de uma zona de paisagem de vinha das mais qualificadas do país, onde estão a laborar diversos empreendimentos com vocação para o enoturismo e já com sucesso amplamente reconhecido no mercado”, advertiu a CVB.
A Confraria dos Enófilos da Bairrada também tomou posição pública de discordância pelos corredores de protecção escolhidos e na última Assembleia Municipal de Anadia foi aprovada uma moção, com a abstenção do PS, contra o traçado e corredores do TGV.
Na resposta ao deputado, o Ministério das Obras Públicas esclarece que, embora os corredores de protecção sejam de 400 metros, a obra será implantada apenas em 40 metros de largura.
Por outro lado, “pela aplicação da Resolução de Conselho de Ministros, não pretendem a REFER e a RAVE inviabilizar qualquer tipo de investimento associado à implementação de empreendimentos de importância estratégica», sendo disso exemplo «os inúmeros pareceres favoráveis emitidos, sobre intervenções dos mais variados tipos, nas áreas já abrangidas por Medidas preventivas, ao longo de todo o eixo Lisboa-Porto”.
No que respeita aos corredores em estudo, o Ministério das Obras Públicas salienta que “a RAVE procurou sempre minimizar, em primeiro lugar, o impacte sobre as populações» e que, no caso de Anadia, “passam maioritariamente por áreas florestais e agrícolas, tentando evitar ao máximo a afectação de aglomerados ou habitações dispersas”.
No que toca ao efeito de “barreira” também criticado por José Manuel Ribeiro, o governo responde que estão previstos restabelecimentos para o atravessamento desnivelado da via, sendo a sua localização acordada com as autarquias, com quem a RAVE tem estabelecido contactos na elaboração dos estudos, quer ao nível dos executivos camarários, quer ao nível do seu corpo técnico. O Ministério das Obras Públicas salienta ainda que foram realizadas visitas técnicas de campo aos locais por onde passam os traçados em avaliação, para identificar as afectações do projecto, estando a RAVE "disponível para dialogar e encontrar soluções".
“Após a identificação exacta das reais afectações, na fase de projecto de execução, as pessoas directamente afectadas serão devidamente indemnizadas”, assegura o governo, não deixando de referir que “as populações do concelho de Anadia serão também directamente beneficiadas, com uma melhoria do serviço da Linha do Norte(…) que resulta da transferência de serviços de passageiros de médio e longo curso para a Linha de Alta Velocidade”. |