Vinhos rosés, pois claro
João Paulo Martins | Expresso | 17-04-2009

Já passou o tempo em que se torcia o nariz a estes vinhos.

A história do vinho rosé em Portugal começa na altura da II Guerra Mundial, quando nasceram duas marcam emblemáticas: Mateus (no Douro) e Lancers (em Setúbal). Nas décadas seguintes aqueles modelos de vinho foram copiados até à exaustão por inúmeras outras empresas: um vinho de cor salmonada, com açúcar residual e algum gás.

A situação actual é bem mais interessante; aqueles dois ícones continuam a ser marcas de referência, mas o leque de escolhas alargou-se e hoje temos muitos vinhos rosados, sem açúcar residual e sem gás. Quer isto dizer que, quando bem feitos, podem ser excelentes acompanhantes para petiscos antes da refeição; são claramente aquilo que se pode chamar 'vinhos de esplanada'. Mas as suas virtudes não se esgotam aqui, uma vez que também funcionam muito bem à mesa como acompanhantes de pratos ligeiros de Primavera e Verão, como massas, pizas ou saladas frias.

Um rosé é um refresco e como tal deve ser encarado. Por essa razão deve ser leve, não deve ter (mas muitos têm) graduação alcoólica elevada, deve ser um vinho leve na boca, com boa acidez e que apetece beber mais. Se ao fim do primeiro copo já não queremos repetir... a culpa é do vinho que não cumpriu o seu dever! Nos últimos 10 a 15 anos generalizou-se a produção de vinhos rosados em quase todas as regiões, do Minho ao Algarve, com grandes vantagens para o consumidor. Mas vamos ao fundo da questão: que características deverão ser apreciadas num rosé?

A cor pode variar muito, do salmão até ao rosado que lembra tinto e por aí não deveremos tirar conclusões apressadas; o aroma tem de ser evidente (não ter aroma ou ter pouco é defeito) e sugerir notas de fruta, como framboesa, morango ou outras dentro deste tipo, como rebuçado; deve depois ser leve na boca mas não aguado (defeito), deve ser ajuizado no álcool (idealmente na casa dos 12 ou 12,5°, mas a maior parte das vezes 13 ou 13,5°), ter frescura e estimular, com a acidez, as papilas gustativas. Pode assim resultar tão agradável de beber como um branco primaveril.

Por esta razão vale a pena pôr de lado alguns preconceitos e provar o que de bom se faz por cá. Sempre da colheita de 2008, escolha entre Vinha da Defesa, Dona Maria, Damasceno, o exótico Col. Privada Domingos Soares Franco, Qta. da Alorna, Valle Pradinhos e Qta. da Giesta são apenas alguns bons exemplos.
 
 
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