Alguns dos presidentes de câmara da região demonstram reservas quanto à mudança da designação dos vinhos do Ribatejo para vinhos do Tejo. Uma decisão aprovada pelo conselho geral da Comissão Vitivinícola Regional (CVR), que não é consensual entre os produtores. Para alguns autarcas, como Paulo Caldas, do Cartaxo, há coisas mais importantes para resolver em relação aos vinhos da região do que simplesmente uma mudança de marca.
O presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, é um dos principais críticos. O autarca considera que um vinho do Tejo também pode ser espanhol. E realça que o que tem uma carga muito forte, que é o Ribatejo, pode perder-se com esta mudança. “Vinhos do Tejo é tão genérico. Estas coisas não vão pela mudança de nome mas pela mudança de qualidade dos vinhos”, refere, acrescentando que o que se tem que fazer é incrementar os símbolos existentes e revitalizá-los.
A afirmação dos vinhos da região deve ser a prioridade e isso não tem sido feito nos últimos tempos, no entender do presidente do Cartaxo, Paulo Caldas (PS). Para o autarca da “Capital do Vinho”, mais importante que uma alteração da marca é haver um esforço para promover os vinhos e juntar entidades públicas e privadas que se empenhem nesse sentido.
Paulo Caldas não tem dúvidas que se não se conseguiu afirmar a marca Ribatejo ao longo dos últimos anos, vai ser difícil afirmar outra. “É começar de novo, do zero”, sublinha. É por isso que o presidente da Câmara de Almeirim, o socialista Sousa Gomes, considera que devia ser feito tudo para “garantir a qualidade da denominação Ribatejo”. O autarca confessa ainda não conhecer bem os fundamentos para tal decisão. E revela que vai ter uma reunião com o presidente da CVR na qual espera ficar a saber as justificações.
A norte, em Tomar, onde os responsáveis da adega cooperativa são contra a nova designação, o presidente da câmara ainda não tem um posição muito convicta sobre o assunto, mas sempre vai dizendo que “alterar uma designação é à partida uma perda”. Mas diz aceitar a marca Tejo se for essa a vontade dos produtores. Corvêlo de Sousa (PSD), ressalva que há concelhos do Ribatejo que não têm uma ligação ao rio que nasce em Espanha e desagua em Lisboa.
O que é vital, diz Paulo Caldas, é afirmar os vinhos da região no país e no estrangeiro. E apesar de considerar que tem faltado um trabalho integrado entre produtores, CVR, adegas cooperativas, autarquias e outras entidades do sector, “por tradição o Ribatejo já tinha mais força porque já tinha sido feito algum trabalho de promoção”. Recorde-se que a Assembleia Municipal do Cartaxo aprovou uma moção de repúdio à nova designação. |