O sector do vinho contraria o que se está a passar no país, em termos de balança comercial, ao apresentar um superavit médio de 439 milhões de euros anuais, entre 2000 e 2008, de acordo com dados do Observatório dos Mercados Agrícolas.
Para esse desempenho muito têm contribuído os vinhos portugueses com reconhecimento mundial, como é o caso do vinho do Porto, do vinho da Madeira, do vinho Rosé e do vinho Verde.
No entanto, na análise ontem divulgada, o Observatório destaca o facto de o vinho de mesa representar 65% do valor total das exportações, situação que, se por um lado, garante algum conforto nas transacções, por outro, reflecte uma desvantagem comercial por ser exportado a granel, ou seja, com menor valor unitário.
Por ser baixo esse valor unitário, o Observatório alerta para a "estagnação do valor gerado pela exportação do vinho português", na medida em que os grandes volumes comercializados não acrescentam valor às exportações na mesma proporção.
O aumento da concorrência no espaço comunitário, com vinhos importados dos novos países produtores, e a alteração dos padrões de consumo são apontados como factores responsáveis pela alteração do mercado.
É o vinho do Porto que detém a liderança do maior valor gerado para as exportações, com valores sempre acima de 330 milhões de euros por ano, desde 2000.
Em termos de mercados, a União Europeia absorve 70% das exportações em valor (e 63% em volume), com França e Reino Unido a acolherem mais de um terço do total das expedições nacionais para a UE.
EUA, Reino Unido, Japão, Bélgica e Canadá são os mercados de maior valor, enquanto França e Angola surgem como destinos onde a quantidade tem um peso relativo superior ao valor.
O Observatório assinala, ainda, a importância da vitivinicultura nacional, por representar 14% do valor da produção agrícola do país, com um contributo de mil milhões de euros/ano no triénio 2004-2006.
Apesar do peso na economia agrícola, a vitivinicultura está marcada pela diminuição da produção de vinho "nas últimas décadas" (com as produções médias anuais de 10 milhões a passarem para sete milhões de hectolitros) e pela redução do consumo per capita, que caiu de 100 litros/ano para metade. |