A ADVID - Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense está apostada em obter o reconhecimento do cluster da viticultura duriense como estratégia de eficiência colectiva, o que permitirá, ainda, o acesso, de forma prioritária, à aprovação de candidaturas aos incentivos concedidos no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) e do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder).
O programa "pólos de competividade" é uma iniciativa do Ministério da Economia e Inovação, em articulação com outros ministérios, e as candidaturas aprovadas deverão ser conhecidas dentro de dias.
A ideia da criação de pólos de competitividade e eficiência estratégica tem por objectivo unir empresas, universidades, entidades financiadoras e do Estado para o desenvolvimento de um mesmo foco, que, neste caso, são os vinhos da Região Demarcada do Douro, potenciando a economia da região. Redução de custos no cultivo em encosta, optimização económica de tratamentos e fertilizações, formação profissional para o sector, avaliação anual das práticas e estratégias de produção e reconhecimento público das competências técnica e científica do sector e da região são alguns dos contributos que este pólo pretende dar. Além, naturalmente, da disseminação do conhecimento pela região.
Os parceiros são muitos e variados, e não apenas nacionais. Para além do Instituto dos Vinhos do Porto e Douro, das várias associações exportadoras de vinhos - ANCEVE, ACIBEV e AEVP - e da Casa do Douro, integram ainda o projecto as adegas cooperativas de Favaios e Vale da Teja. Mas é a nível da investigação e desenvolvimento que os parceiros vêm de mais longe. Para além da Universidade do Porto, da Rede Portuguesa de Selecção da Videira, da Escola Superior de Biotecnologia da Católica, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa e do Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores, a equipa conta, ainda, com o departamento de estudos ambientais da Universidade do Oregon, EUA, e com o Instituto Weinbau und Rebenzüchtung, Alemanha.
Estudar as alterações climáticas decorrentes do aquecimento global, as suas influências na produção vitícola e desenvolver um manual de adaptação aos impactos previstos é um dos grandes projectos mobilizadores da ADVID, a par das questões da biodiversidade, explicou ao DN o presidente da associação, José Manuel Sousa Soares. Para além da conservação da biodiversidade, identificando os insectos e outros micro-organismos que possam ser benéficos à cultura da vinha, a associação aposta, ainda, na monitorização de pragas e doenças, nos sistemas de condução e implantação da vinha de encosta e na preservação das castas e sua variabilidade. Não é para menos. "Portugal tem 250 castas e 50 estão já em risco de forte perda. Não podemos deixar perder esta riqueza", defende Sousa Soares. Até porque só há um país com uma variedade tão grande de castas, lembra: a Itália. Razão por que a ADVID se prepara para aderir à Associação de Preservação da Genética da Videira.
Actualizar o método de pontuação das vinhas - zonagem vitícola -, que estabelece a sua qualidade de acordo com as competências mais modernas (o método em vigor, e que dita a autorização de produção de vinho do Porto de acordo com as letras de A a F, tem 60 anos), bem como avaliar melhor a aptidão enológica das uvas e os marcadores genéticos da sua maturação são alguns dos principais projectos do cluster . De qualquer forma, e porque nada melhor do que quem está no terreno para saber o que é mais urgente, a ADVID está a preparar um inquérito com a Faculdade de Engenharia que será apresentado aos associados para avaliar as suas prioridades. Uma coisa Sousa Soares garante: "Com ou sem aprovação da candidatura ao programa "pólos de competitividade", estes são projectos que irão avançar. Podem é demorar mais tempo." |