Numa comunicação apresentada pela comissária Mariann Fischer Boel, Bruxelas quer recuperar quotas de mercado que o bloco tem vindo a perder para o resto do mundo.
Como medida mais polémica, quer poupar 500 milhões de euros por ano, num orçamento total de 1,3 mil milhões, que gasta para que se ver livre dos excedentes de vinho. E por isso defende destruição de 400 mil hectares de vinha para que se produza menos e melhor vinho.
“Temos de aumentar a competitividade dos produtores de vinho europeus, reforçar a reputação do vinho de qualidade europeu como o melhor do mundo e recuperar mercados antigos e ganhar novos”, diz a comissária. Quem é competitivo não tem de se preocupar, que não é terá acesso incentivos financeiros sair do mercado, seja através de reformas antecipadas ou incentivos para destruir e voltar a plantar.
A ideia é que a Europa tem vindo a produzir demasiado vinho enquanto o consumo continua a cair a pique. A UE tem vindo a perder quotas de mercado para os produtores do “novo mundo”, como são conhecidos. As exportações de vinho da África do sul cresceram 700% nos últimos 15 anos, nota a Comissão, as da Austrália 500% e do Chile 300%. Na Europa, que continua a ser de longe o maior produtor, o movimento é justamente o contrário, avisa o porta-voz de Fischer Boel.
O primeiro alvo são as medidas de destilação, criadas para ajudar a transformação dos excedentes de vinho em combustíveis como o bio-etanol, que já não funcionam como um efeito paliativo à produção, explica a Comissária. “Enquanto oferece assistência temporária aos produtores, não responde ao problema de fundo - a Europa está a produzir demasiado vinho para o qual não tem mercado”.
Os países mais afectados, onde se incluem Portugal, terão direito a um envelope nacional para adoptar medidas específicas suplementares. Outras prioridades são acabar com o sistema de restrições à plantação, que limita o acesso a novos aderentes ao mercado e mudar o sistema rígido de rotulação (labelling): actualmente o vinho de mesa que não é de origem geográfica não pode inscrever o tipo de uva, uma limitação que tem aumentado muito o consumo de vinho chileno e australiano, denuncia Bruxelas. |