A direcção da Casa do Douro (CD) propôs pagar a totalidade da dívida que possui com a Real Companhia Velha (RCV) com 600 mil acções, das quatro milhões adquiridas àquela empresa na década de 90, esclareceu ontem o seu presidente.
"Com vista ao acerto de contas com a RCV fizemos uma proposta de pagarmos a dívida com 600 mil acções", afirmou Manual António Santos, presidente da CD em Alijó, no decorrer de uma reunião com vitivinicultores durienses.
Segundo o responsável, a RCV já fez uma contraproposta de 650 mil euros.
O dirigente referiu existência de "um acordo feito pelo patriarca da RCV que receberia as acções ao preço de custo, designadamente 12 euros", pelo que o valor do negócio andará à volta dos "sete milhões e 200 mil euros".
Manuel António Santos referiu que as negociações estão a prosseguir com a administração da RCV, com conhecimento dos ministérios da Agricultura e Finanças.
Todas as condições e valor final das negociações terão que passar pelo Conselho Regional de Vitivinicultores da CD e serem aprovados por maioria qualificada de dois terços.
As verbas realizadas serão distribuídas na proporção de 85 por cento para o Estado e 15 por cento para o CD, de acordo com os termos da declaração unilateral entregue em 2005 pela CD.
"Esta solução com a RCV não exclui a procura de outras vias para resolver em definitivo este dossier, com a alienação do todo ou parte da participação dos 40 por cento da CD na RCV", salientou o responsável.
O "preferencial" para Manuel António Santos era fazer da "RCV o veículo de venda dos vinhos da CD, para esta pagar toda a sua dívida".
"Ora, se o Estado vier encontrar uma solução melhor nós ficamos satisfeitos", frisou.
O dirigente reafirmou a proposta apresentada ao Estado de entregar os vinhos suficientes ao IVDP para pagar as dívidas.
"Isto é, transformamos a divida que temos à banca e ao Estado em vinho, o vinho é entregue à guarda do IVDP, que depois o venderá ou manterá em reserva estratégica", frisou.
Recentemente o ministro da Agricultura referiu que 85 por cento do valor das acções que a Casa do Douro detém na real Companhia Velha e 8,6 milhões de litros de vinho do Porto que estão em poder do Estado não podem voltar a ser negociados.
Manuel António contrapõe dizendo que as acções da RCV não "estão penhoradas" e que os vinhos "estão penhorados e não hipotecados". |