Um vinho da Madeira Barbeito Terrantez 1795 é a estrela portuguesa do leilão do Palácio Correio Velho, na capital lusa, capaz de tentar o mais exigente colecionador, apesar da crise financeira que afeta o mundo.
A garrafa que adorna o "néctar divino" dos sentidos está estimada entre 1 mil e 1,5 mil euros, disse à Agência Lusa o enólogo e consultor do Palácio Correio Velho, Francisco Perez, destacando que os vinhos da Madeira têm "um largo espaço" para surpreender os colecionadores, no mítico leilão de vinhos que acontece nesta quarta-feira.
"É um conjunto único, composto por 500 lotes de uma vasta gama de vinhos nacionais e internacionais, que sem reserva [valor mínimo de venda] vai a leilão aguardando pelo martelo do pregoeiro e pela procura dos colecionadores", afirmou Perez.
A Barbeito Terrantez 1795 é uma das estrelas do leilão, que conta com mais de 100 vinhos tintos portugueses "Barca Velha" e "Reserva Especial Ferreirinha" das colheitas de 1965, 1966, 1978, 1981, 1983, 1985, 1986 e 1991.
"Um vinho velho não é necessariamente mais valioso porque pode estar avinagrado", mas este leilão tem o aval do Correio Velho e no caso do vinho da Madeira "é um dos mais duráveis (mais de 200 anos)", disse o enólogo.
Oportunidade
Apesar da crise financeira, Perez afirma que "esta é uma boa oportunidade. É nesta altura que se fazem boas escolhas e as melhores compras [sem reserva] a preços baixos e com elevada qualidade", com vinhos há muito fora de circulação e que podem ser arrematados por telefone, Internet e em presença.
O "néctar dos Deuses" a leilão, constituído por 500 lotes, tem preços que podem ir dos 5 euros a mais de 2 mil euros, estimando Perez um encaixe global mínimo de 90 mil euros, montante que o especialista prevê ser ultrapassado.
"Os bons vinhos permitem sempre retornos garantidos. Se forem bons valorizam sempre", frisou o especialista.
Os vinhos estrangeiros pontuam também no leilão, sobressaindo os de referência dos colecionadores: os brancos franceses Château Haut Brion, Domaine Leflaive Puligny Montrachet, Domaine Leflaive Bâtard Montrachet, Bouchard Pére & Fils Montrachet e Leroy Corton Charlemagne.
O Margaux, Haut Brion, Mouton Rothschild, Lynch Bages, Latour, Lafite Rothschild, Cheval Blanc e La Mondotte destacam-se, entre outros, nos tintos gauleses.
Há ainda vinhos de Espanha, como o Vega Sicília Unico e Único Reserva Especial, de Itália, Solaia e Ornellaia e do Novo Mundo os Opus One e Dominus.
Na memória do paladar e do olfato, um verdadeiro presente para os sentidos de um colecionador, há uma garrafa de tinto Pomerol Château Le Pin 1985 (1.750 euros), um tinto Pomerol Château Pétrus 1990 (2.500 euros), um tinto Côte-Rotie E.Guigal La Mouline 1983 (400 euros) e um tinto Pauillac Château Lafite Rothschild 1996 (500/600 euros).
Excêntricos ou não ao olhar dos menos conhecedores, o certo é que muitos colecionadores estão dispostos a gastar muito para estar neste leilão "único e aliciante, por ser preço mínimo", disse Francisco Perez. |