Perto de duas dezenas de vinhos do Alentejo e Extremadura (Espanha), foram postos à prova na Feval, em Dom Benito, numa iniciativa conjunta da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, e da Junta de Extremadura, através do Fomento de Mercados.
A enóloga espanhola Cristina Alcalá e a portuguesa Susana Protásio foram júris neste evento. Os prémios Arabel, cujo nome provém das castas Aragonês e da sua equivalente em Espanha, a casta Cencibel, vão já na sua VII edição. Num ano, o evento é organizado em Espanha e, no seguinte, em Portugal.
A Extremadura espanhola fez-se representar por 26 adegas e o Alentejo por 23. Segundo as enólogas, apesar de muito diferentes entre si, ambas as regiões se destacaram sobretudo nos tintos. Os vinhos apresentados neste concurso são avaliados separadamente e por categorias. Isto porque, enquanto os vinhos na Extremadura são monocasta, os alentejanos contam normalmente com mais de uma.
Susana Protásio, que tem acompanhado em mais do que uma edição este certame, testemunha a crescente adesão de adegas de maior qualidade e o prestígio que o evento tem vindo a adquirir, sendo que muitas marcas usam já esta distinção para fins comerciais.
Cristina Alcalá acredita que encontros como este são bons para ver em que nível está cada uma das regiões analisadas. E se do ponto de vista do produto final considera os vinhos do Alentejo muito equilibrados, expressivos e de forte personalidade, a Extremadura, com uma história mais curta na produção de vinho, está em evolução e em período de ?fermentação?, mas ainda no início.
Entre os alentejanos, os galardões do Arabel de Ouro foram para: Joaquim Costa Vargas 2007 (Branco Jovem), Casa Santa Vitória Reserva (Branco Maduro), Comenda Grande Rosé 2007 (Rosé), Herdade da Figueirinha Reserva (Tinto Jovem), Paço do Conde (Tinto com estágio de três a seis meses) e Monte do Limpo Reserva Tinto 2005 (Tinto com estágio de mais de seis meses).
Vinhos de Portugal desconhecidos em Espanha
Para a enóloga espanhola, foi uma surpresa descobrir os vinhos alentejanos. Já conhecia alguma referência, mas nunca tinha tido a oportunidade de encontrar tantos numa mesma prova, explicou. Cristina Alcalá referiu ainda a dificuldade de encontrar vinhos portugueses em Espanha. Com excepção dos vinhos do Porto, algum vinho verde e mais recentemente certos tintos do Douro, os vinhos portugueses são ainda desconhecidos em Espanha. Segundo a profissional, Portugal e concretamente o Alentejo têm potencial para triunfar no estrangeiro. É uma pena, porque fiquei surpreendida pela positiva com esta região portuguesa, lamentou Cristina Alcalá.
A enóloga aproveitou ainda para deixar um conselho às adegas portuguesas: Estamos num momento em que, queiramos ou não, o que não se comunica parece que não existe, e penso que o problema de Portugal no estrangeiro é sobretudo a nível de promoção e comunicação. |