Em tempo de vindimas, a expectativa na generalidade das regiões vinícolas do país é comum: 2008 vai ser um ano de colheitas menores, mas de maior qualidade.
Este é um ano de menos colheita no Douro. A região demarcada mais antiga do mundo espera uma quebra de produção de vinho que pode ir até aos 20%.
Mas “o que se perde em quantidade, ganha-se em qualidade”, garante o presidente da Casa do Douro, Manuel António dos Santos: “Há uma quebra entre os 15 e os 10%. Mas, a manterem-se as condições climatéricas, será um ano de óptima qualidade”, afirma.
No Alto Minho, o presidente da Adega de Monção fala numa quebra que dura há dois anos: “Contamos ter menos 10 a 15% do que no ano passado no ano passado já tinha tido menos 26%, o que dá uma queda em dois anos de 36 a 40%”.
Descendo no mapa, o cenário agrava-se, situando-se a quebra de produção nos 30%.
No caso do Dão, os consumidores saem a ganhar, garante o enólogo Carlos Lucas: “Vamos tentar satisfazer os consumidores com qualidade em vez da quantidade”.
Também na Península de Setúbal, a diminuição do produto reduziu o período das vindimas, já quase concluída.
No Alentejo, 30% a menos de uvas são compensados pelas excelentes condições de maturação, garante Mota Barroso, presidente da associação dos Viticultores do Alentejo.
Vendas aumentam em ano de crise
A quebra na produção de uva não arrefece as previsões de lucro dos produtores. A Comissão Vitivinícola do Dão regista, apesar da crise, um aumento de 20% nas vendas deste ano.
Valdemar Freitas, presidente da comissão vitivinícola, considera que “estamos a um bom ritmo” e que “o objectivo é continuar a aumentar os vinhos certificados, aumentando assim a quota de mercado.”
Os consumidores, na sua maioria, estrangeiros, são – de acordo com o enólogo e produtor Carlos Lucas – os únicos que poderão salvar um “mercado em crise”.
A Norte, Jaime Borges, da Adega Cooperativa de Vila Real, diz que a quebra de produção pode ajudar “a escoar os stocks acumulados”, sendo que a produção se orienta mais para o estrangeiro do que para o mercado nacional.
No caso da Península de Setúbal, Henrique Soares, da Comissão Vitivinícola, esclarece que as empresas da região, inclusive as de menor dimensão, têm apresentado "um desempenho comercial francamente bom", tanto no mercado nacional como ao nível de exportação. Este ano vai ser ainda mais produtivo em termos comerciais.
Também os vinhos do Alentejo vão continuar a satisfazer as necessidades do mercado, porque "os excedentes estruturais, permitem encarar com à vontade, as responsabilidades que as marcas tem no mercado, não se prevendo que haja problema quanto ao seu abastecimento", assegura Mota Barroso, presidente da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo. |