Monteiro trocou instituto por empresa do universo de Belmiro de Azevedo. Ministro vai auscultar produtores e comerciantes.
O ministro da Agricultura, Jaime Silva, convocou para amanhã uma reunião com os vários agentes da região do Douro para os auscultar sobre o nome que vai ocupar a presidência do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), após a renúncia do actual titular, Jorge Monteiro, que vai dirigir uma empresa do universo pessoal de Belmiro de Azevedo.
Além de ter convocado a direcção da Casa do Douro e da Associação das Empresas de Vinho do Porto, Jaime Silva quer também ouvir as cooperativas mais importantes da região, bem como a associação dos produtores-engarrafadores.
Na presidência da direcção do IVDP há quase nove anos (completá-los-ia em Março de 2009), Jorge Monteiro comunicou ao ministro a sua vontade de sair no início do Verão. A decisão tornou-se oficial na semana passada, altura em que Monteiro renunciou ao cargo que ocupava para aceitar o desafio que lhe foi lançado por Belmiro de Azevedo, para alavancar os seus interesses na área dos produtos agrícolas. O fundador do grupo Sonae (proprietário do PÚBLICO) criou há mais de um ano uma empresa agrícola, denominada Prosa, e que tem vindo a conquistar mercado na área da kiwicultura.
A saída de Jorge Monteiro da presidência do IVDP, anunciada na semana passada, em plena campanha de vindimas, abre assim uma nova fase na vida das instituições ligadas à região do Douro e ao negócio dos vinhos. "Já devia ter sucedido há muito, mas, a acontecer agora, torna-se uma demissão inoportuna", considerou ao PÚBLICO o presidente da Casa do Douro, Manuel dos Santos. Na opinião deste dirigente, Monteiro deveria ficar "até ao fim", para assumir as consequências das decisões que tomou, "nomeadamente ter considerado o IVDP autónomo em termos cadastrais, levando a que muitos produtores ainda não tenham recebido as suas autorizações de produção de vinho do Porto. "Quem vier a substitui-lo poderá ter que resolver muitos problemas que não criou", afirmou, acrescentando que, "caso participe na reunião com o ministro", a Casa do Douro vai pretender levar os nomes avançados ao escrutínio do seu conselho regional.
Sendo um cargo de nomeação ministerial, o lugar de Monteiro deverá ser ocupado por uma figura da região, ligada ao Partido Socialista, conforme apurou o PÚBLICO. Os nomes mais falados para a sucessão são os de Vilhena Pereira, ex-candidato à Casa do Douro, e a quem Jaime Silva prometeu um lugar no IVDP, e Rui Vieira, próximo de José Sócrates e com propriedades em Foz Côa. |