Ainda não tem data certa para começar a funcionar, mas já esteve mais longe de ser uma realidade. Os produtores interessaram-se pelo projecto e alguns até já têm condições para integrar a Rota, que será a melhor forma de aumentar visitas às adegas algarvias.
A criação de uma Rota do Vinho do Algarve está perto de ser uma realidade, tendo sido este um dos principais temas de debate do colóquio «A Vinha e o Vinho», que decorreu no Convento de S. José, em Lagoa, no âmbito da Fatacil.
A funcionalidade da Rota do Vinho do Alentejo, apresentada por Teresa Chicau, responsável pelo Gabinete de Apoio àquela Rota, serviu para compreender o que é necessário para o sucesso de um projecto desta envergadura.
«O essencial foi a explicação sobre a forma como as dificuldades foram ultrapassadas, porque no Algarve o processo é semelhante, podendo as estratégias delineadas para o Alentejo servir como exemplo», revelou ao «barlavento» Castelão Rodrigues, director regional de Agricultura.
Apesar da criação da Rota do Algarve estar próxima da realidade, ainda faltam dois passos importantes a ser dados pelos produtores.
Primeiro, têm que escolher qual a entidade que vai gerir a Rota, depois têm que acabar de elaborar os estatutos e o regulamento.
O facto de serem os produtores a desempenhar estas tarefas é justificado por Castelão Rodrigues. «Se são eles os que mais vão beneficiar com a Rota, mas também os que se vão deparar com as dificuldades, devem ser eles a ter o direito à escolha».
A outra entidade parceira na criação do projecto é a Entidade Regional do Turismo do Algarve (TA) «colocou à disposição dos produtores a sua jurista para que tivessem todo o apoio legal na elaboração dos estatutos e regulamentos», revelou António Pina, presidente da TA.
«Ainda estamos indecisos quanto à escolha da entidade que vai gerir o projecto. Podia ser a Comissão Vitivinícola Regional, que neste momento está a ser reestruturada, ou a Confraria. Também é muito difícil conseguirmos reunir-nos todos para chegarmos a conclusões», explicou João Mendes, produtor da Quinta do Morgado da Torre, em Portimão.
A outra questão é que já há sete produtores com condições para integrar a Rota, enquanto outros têm ainda de criar infra-estruturas adequadas para receber os visitantes que queiram provar os seus vinhos ou conhecer a adega.
O ideal, na opinião de Castelão Rodrigues e António Pina, é fazer o projecto por fases. «Aqueles que já têm condições serão os primeiros a integrar o projecto, seguindo-se os restantes, à medida que forem tendo o que é necessário», explica o director regional.
No colóquio sobre as vinhas e o vinho, Teresa Chicau explicou ainda a importância de um Gabinete de Apoio à Rota. «Nós conseguimos, num local, dar toda a informação, elaborar percursos e indicar adegas aos clientes, ou reservar as visitas. Por outro lado, também podemos fazer provas, mostrar os produtos vitivinícolas e até vender garrafas de vinho», explicou Teresa Chicau.
No entanto, não ficou esquecida a sinalização da Rota de Vinho, sendo o próximo passo do projecto pedir a colaboração da Câmaras, onde se situam as 19 adegas (17 privadas e duas cooperativas) que podem integrar a Rota para colocar e fazer a manutenção das placas.
O enoturismo poderá ainda trazer vantagens para a economia e exportação dos vinhos, porque a maioria dos visitantes das adegas são estrangeiros. Estes conhecem as adegas, compram os produtos, levam-nos para o seu país e divulgam-nos aos seus amigos. Esta situação pode ser o início do reconhecimento dos vinhos algarvios no estrangeiro.
«Se a Rota for boa, com divulgação e qualidade, atrai mais turistas. No entanto, são os estrangeiros que mais gostam destas visitas, sendo esta vertente do turismo algo que liga muito bem com o golfe», explicou João Mendes, produtor vitivinícola.
No final da sua apresentação, Teresa Chicau ainda deu um conselho que parte da sua experiência na Rota do Vinho do Alentejo: «se o Algarve quer iniciar uma Rota, tem que considerar a autenticidade, não copiando o que os outros fazem, a qualidade do vinho, mas também do atendimento, a valorização do vinho, da vinha, das adegas, e de todas as outras infra-estruturas, bem como a complementaridade, pois os produtores têm que estar disponíveis para trabalhar uns com os outros, com a hotelaria, com a restauração e outras entidades». |