Na semana da Festa do Vinho, o produtor Duarte Caldeira deixa um apelo no sentido de se aumentar a produção deste. “O sector vinícola na Região vai bem, mas podia ir melhor”, afirma. “Tendo em conta a preocupação na reconversão das castas e a melhoria da qualidade das uvas, valeria a pena fazer um esforço mais profundo e sério no sentido de criar um sector vinícola ainda mais potente, com mais força e mais quantidade.”
Nesse sentido, diz ser necessária “uma chicotada para que alguns produtores acordem da acomodação a que se votaram”. “A agricultura é a arte de empobrecer alegremente, mas pode ser rentável”, opina. “Para tal, temos de investir com cabeça, tronco e membros. Não podemos viver eternamente à espera de subsídios e de que o governo faça tudo.”
Apesar de haver um equilíbrio entre a oferta e a procura, Duarte Caldeira defende que o Vinho Madeira deve ser relançado “nos quatro cantos do mundo”. “Se houver um esforço no aumento da produção, também haverá um esforço no escoamento, existe mercado para isso”, entende. “É preciso aumentar a produção de vinho para poder responder a um eventual aumento da procura em novos mercados nos quais está a ser promovido.”
O produtor vê com bons olhos o trabalho de promoção que está a ser desenvolvido, embora considere que ainda há muito a fazer. “Está a dar resultados porque há mercados que se começam a abrir, como o Brasil, por exemplo”, realça. “Também não vale a pena promover algo que não produzimos em quantidade suficiente para vender.”
Duarte Caldeira aconselha ainda os madeirenses a preferir os produtos regionais para que os lucros fiquem na Região. “O Vinho Madeira continua a ser mais consumido lá fora, embora o mercado local – não pelos madeirenses, mas pelos que nos visitam – já seja importante. Mas os madeirenses deviam consumir mais de tudo o que produzimos.”
Segundo dados do Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato, a comercialização do Vinho Madeira no mercado regional em 2007 foi de 547.463,16 litros, representando em euros 3.496.063,13. O Vinho Madeira doce surge em primeiro lugar, num total comercializado de 172.646,05 litros, seguido dos tipos meio-doce e meio-seco, que representaram 274.595,53 litros e, por fim, o seco, com total de comercialização de 100.221,18 litros.
De referir ainda que o programa da Festa do Vinho 2008, que decorre até domingo no Funchal e Estreito de Câmara de Lobos, inclui mostras etnográficas e actuações musicais, para além da vindima ao vivo e o cortejo típico – marcados para amanhã. A iniciativa envolveu cerca de 800 pessoas num orçamento que atingiu os 130 mil euros. |