A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) estima que as vindimas deste ano sejam marcadas por uma quebra na produção, na ordem dos 30 por cento, o que se justifica pela chuva que caiu durante o período de floração e por algumas vinhas estarem a atravessar um processo de alternância de produção, ou seja, um "descanso" após dois anos em que se registaram as maiores campanhas de sempre. No entanto, os "stocks" vão satisfazer as necessidades do mercado e para os consumidores há, também, a garantia de que a matéria-prima vai redundar em vinhos de inegável qualidade.
Com os Vinhos do Alentejo a representarem mais de 40 por cento das vendas de vinho no mercado nacional, é sempre grande a expectativa em torno das vindimas. Das oito zonas vitivinícolas em que se divide o Alentejo, apenas na situada mais a norte - Portalegre - é que a campanha ainda não teve início, devido às características muito próprias da região, seja a nível climático (por ser afectada por um microclima) mas também orográfico.
Na sequência da forma como tem decorrido a vindima nas restantes zonas (nomeadamente em Borba, Évora, Granja/Amareleja, Moura, Redondo, Reguengos e Vidigueira) e em função dos indicadores já recolhidos pelos técnicos da ATEVA - Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo estima-se que "o Alentejo tenha uma perda significativa de produção este ano, na ordem dos 30 por cento, mas os stocks dos produtores asseguram as necessidades de mercado", sublinha Mota Barroso, membro da direcção da ATEVA.
As castas brancas estão a ser as mais afectadas pela quebra de produção, em todas as sub-regiões do Alentejo, com Borba a apontar para valores na ordem dos 40 por cento e de 30 por cento para as castas tintas. Apesar de tudo, os indicadores de qualidade na região são muito positivos, a exemplo do que acontece em Évora, Reguengos e no Redondo, mas também na Vidigueira, com uvas sãs, bom grau e acidez equilibrada. Em Reguengos, já foram vindimados cerca de 700 mil quilos de uva, perspectivando-se quebras finais entre os 30 a 35 por cento. As regiões situadas nos dois extremos do Alentejo - Portalegre a norte e Vidigueira a sul - são as que perspectivam uma quebra menos acentuada, na ordem dos 20 por cento.
A produção elevada que se registou nas duas últimas vindimas, justifica em parte a quebra na produção que se está a verificar, pelo facto da natureza impor o "descanso" das vinhas. No entanto, os responsáveis da ATEVA afirmam que a precipitação e as temperaturas relativamente baixas que ocorreram em Maio, por altura da floração da vinha, também estão a ter influência nestes resultados.
Para o consumidor fica, no entanto, a certeza de que os "Vinhos do Alentejo" irão continuar a satisfazer as necessidades do mercado e com vinhos de inquestionável qualidade, face aos indicadores de qualidade que têm sido registados nos primeiros dias de vindima. |