Real Companhia Velha comprou a Quinta de Ventozelo no Douro aos espanhóis da Proinsa
Público | 01-09-2008

Negócio une duas quintas emblemáticas, Ventozelo e Carvalhas, com uma área superior a mil hectares, reforçando a estratégia da Real Companhia Velha.

A Real Companhia Velha comprou, aos espanhóis da Proinsa, a Quinta de Ventozelo, uma das mais maiores e mais antigas quintas do Douro, que tem a particularidade de fazer fronteira com a Quinta das Carvalhas, já propriedade da empresa portuguesa. A junção das duas quintas dá origem à maior propriedade no Douro, com mais de mil hectares e capacidade de produção anual de três mil pipas, no segmento do vinho do Porto e mesa.

"A Real Companhia Velha assumiu o controlo e a gestão da Quinta de Ventozelo", confirmou ao PÚBLICO uma fonte oficial da empresa vinícola, que se escusou, no entanto, a adiantar os termos exactos do negócio, alegando a existência de uma cláusula de confidencialidade. A mesma fonte apenas referiu que se "tratou de um negócio realizado no âmbito de uma parceria com a Proinsa" - um grupo da Galiza, com negócios associados à aquacultura e transformação de peixe.

A expressão "parceria" é importante, porque, de acordo com fontes do sector, a operação poderá ter envolvido troca de participações entre os dois grupos, podendo ainda envolver interesses imobiliários. A Real Companhia Velha tem a sua sede e uma vasta área de armazéns numa zona privilegiada de Vila Nova de Gaia. Em declarações ao PÚBLICO no início do ano, Pedro Silva Reis, actual presidente da empresa, não excluiu a possibilidade de transferência da sede da Companhia para a Região do Douro e o aproveitamento total ou parcial das instalações em Vila Nova de Gaia para fins imobiliários.
Apesar das tentativas, o PÚBLICO não conseguiu esclarecer os contornos da parceria entre as duas empresas. Mas não restam dúvidas que o negócio implica a assunção do "controlo e gestão" da sociedade que detém a Quinta do Ventozelo" por parte da empresa portuguesa e o PÚBLICO sabe que Pedro Silva Reis já esteve nas instalações da quinta, anunciando a transferência de propriedade.
O montante envolvido na compra e/ou troca de participações não é conhecido. Apenas como mera referência, a quinta terá recentemente recebido uma oferta de aquisição que ascendia a mais de 20 milhões de euros.

A aquisição da emblemática quinta do Douro insere-se na estratégia de crescimento da Real Companhia Velha, que, de acordo com uma recente entrevista de Pedro Silva Reis ao PÚBLICO, está orientada para a produção e comercialização de marcas de qualidade, nos segmentos do vinho do Porto e de mesa. As estimativas de facturação da empresa para este ano apontam para 24 milhões de euros.

A Quinta de Ventozelo, localizada em Ervedosa do Douro, São João da Pesqueira, ocupa uma área de 600 hectares, dos quais 200 estão plantados com vinha.
A quinta foi comprada pelos espanhóis em 1999, no âmbito de uma estratégia de diversificação de actividade e de internacionalização. A Proinsa realizou vários melhoramentos na quinta e de acordo com fonte conhecedora do sector, a produção colocada no mercado, com a marca Ventozelo, é de qualidade.

Há 45 anos atrás, Manuel da Silva Reis, accionista maioritário da Real Companhia Velha, chegou a comprar a Quinta de Ventozelo, que faz fronteira com a Quinta das Carvalhas. Mas o vendedor acabaria por "roer a corda", e o negócio foi desfeito.

Agora, a aquisição não foi feito por razões emocionais, mas pela importância da quinta para assegurar estratégia de crescimento da empresa. A Real Companhia Velha, a denominação que prevaleceu das muitas que a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro assumiu ao longo de mais de três séculos, foi fundada em 1756, por Marquês de Pombal, ministro do Rei José I, por proposta de um conjunto de lavradores de cimo do Douro. A empresa, que já sobreviveu a muitas crises, acaba de reforçar a sua presença no Douro.
 
 
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