As boas condições meteorológicas e o aspecto saudável da uva prometem, este ano, vinho de boa qualidade na Terceira. No entanto, as produções adivinham-se baixas e os “ataques” do melro-preto e da lagartixa preocupam os produtores dos Biscoitos.
A quinze dias do início das vindimas, os produtores de vinho da Terceira esperam a continuação de bom tempo para enfrentar um ano em que as uvas, apesar de poucas, irão garantir um “bom vinho”. O responsável pela produção de vinho da Casa Agrícola Brum (CAB) adianta ao nosso jornal que em relação ao ano passado está prevista uma quebra de 20 por cento. Enquanto em 2007 foram produzidos cerca de oito mil litros de vinho branco dos Biscoitos, este ano a produção deverá atingir os seis mil litros.
As más condições meteorológicas que se verificaram em Abril passado e o alegado aumento da população de melros e pardais na zona dos Biscoitos poderão estar na causa da diminuição de valores.
“Em Abril houve ventos fortes acima do quadrante nor-nordeste, que afectou a vinha dos Biscoitos, sobretudo a que se localiza junto ao mar”, revela António Espínola. E acrescenta: “Além disso, no início da maturação as uvas foram atacadas por melros e pardais, dando a ideia que a população desses pássaros aumentou”. Uma das soluções para combater o “ataque” às uvas passou pela colocação de espantalhos e mecanismos a imitar o disparo de uma arma nos currais de vinha. Porém, “pouco resultaram”.
Dado ao aspecto saudável da uva e “se o tempo se mantiver quente”, António Espínola garante que “será produzido vinho de boa qualidade”.
A opinião é partilhada pelo responsável da Adega Cooperativa dos Biscoitos (ACB), referindo que “se não chover como há dois dias prevê-se excelente vinho”. Já em termos quantitativos, Alcino Meneses avança que a produção de vinho será idêntica ao ano transacto, sendo que aquela Cooperativa, com predominância para o verdelho, deverá produzir perto de 16 mil litros de vinho branco e quatro mil litros de vinho tinto.
Por outro lado, Alcino Meneses destaca o melro-preto, o pombo e a lagartixa como principais “pragas” das uvas.
“Houve um aumento este ano de lagartixas a atacar as uvas. Antes estavam apenas na beira-mar, agora ocupam um espaço até 100 metros de altitude”, considera o produtor de vinho.
No Porto Martins os números da produção indicam uma ligeira descida para alguns produtores. Se em 2007 foram totalizados quatro mil litros de vinho, este ano José Lucas Branco espera somente atingir os três mil litros de branco e 1000 litros de tinto. “Este ano a produção vai ser menor, houve menos nascença”, revela o produtor, acrescentando, porém, que “o tempo seco vai dar bom vinho”.
As mesmas previsões são feitas por João Areias, ao salientar a “boa graduação” e, por conseguinte, a “boa qualidade” do vinho que este ano vai ser produzido no Porto Martins. Quanto aos litros de vinho produzidos, tudo indica que irá produzir menos 500 litros de vinho branco que em 2007. “O ano passado produzi 1500 litros e este ano deverá rondar os mil litros”, revela.
Ao contrário dos produtores de vinho dos Biscoitos, segundo José Lucas Branco e João Areias, os seus vinhedos não têm sido prejudicados pelos melros e lagartixas. |