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O problema do Douro tem sido o défice de cooperação
Público | 07-05-2008

É preciso criar um pólo tecnológico de excelência mundial centrado no vinho. A prioridade é o vinho e o turismo que lhe está associado.

Deixou a vice-presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte para assumir a chefia da Estrutura de Missão (EM) para o Douro. No cargo há cerca cerca de um ano, Ricardo Magalhães, que é natural dda região, faz um balanço da situação actual do Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial. A falta de cooperação entre instituições públicas e privadas foi o aspecto que mais o surpreendeu.


Depois de um ano na chefia da Estrutura de Missão para o Douro qual o seu diagnóstico sobre a situação da região?

Eu diria que o que nos anima é prosseguir o esforço de levar uma região envelhecida a adoptar um posicionamento inovador e competitivo. Ora, isto não se consegue de um momento para outro. Tanto mais quando, depois de termos corrido a região de uma ponta à outra [21 concelhos] e termos conhecido alguns dos principais actores públicos e privados, confirmámos um défice de pessoas, que há falta de informação, que se reconhecem lacunas ao nível das competências. Mas, aquilo que me chamou mais a atenção e me surpreendeu foi o défice de cooperação. Ou seja, a relação entre os principais actores, vários organismos da administração central desconcentrada, não era a melhor. Também o diálogo entre esses sectores da administração central e as próprias autarquias deixa muito a desejar. Mesmo entre as próprias autarquias a comunicação falha claramente. Entre agentes privados. Entre o público e o privado. Em suma, se eu tivesse numa imagem que resumir a primeira fotografia da região, era défice de cooperação".

Concretamente, o que é que tem sido feito para provocar a mudança?

Temos dado particular atenção a protocolos de cooperação e acordos com diversos parceiros. É o caso do workshop Centro Mundial de Destinos Turísticos de Excelência, que decorre esta semana, na Escola de Hotelaria de Lamego e que resulta de um acordo internacional entre o Turismo de Portugal, Associação para o Desenvolvimento do Turismo na Região Norte , CCDR-N, EM e a Organização Mundial do Turismo (OMT). Refiro ainda a subscrição por sete instituições da administração central, não conheço caso semelhante em Portugal, de um protocolo de cooperação visando a qualificação dos recursos humanos do Douro. Quer de activos adultos, quer de jovens.

Depois da qualificação, o que se oferece depois a essas pessoas? Onde estão os postos de trabalho?

A base económica da região assenta na vinha e no vinho. Hoje, também no sector emergente como é o turismo. Estes dois vectores económicos têm grande margem de progresso. Em relação ao primeiro caso, alguém neste encontro disse que o Douro tem um enorme potencial genético por explorar. Há, por tanto, mais "tourigas nacionais". Castas nossas. Este trabalho, num sector onde a concorrência é feroz à escala planetária, global, exige por isso a criação de um pólo tecnológico de excelência mundial centrado no vinho.

Foi já apresentada uma candidatura para a instalação de um Parque Tecnológico com polos Bragança e Vila Realestando este último ligado à área do agro-industrial. É esse o centro o que preconiza a Estrutura de Missão?

A CCDR-N e a EM têm um objectivo. Dar prioridade ao vinho. Eu sei que temos uma fileira agro-alimentar. Todos sabemos que há outros produtos regionais, como o azeite e os cogumelos também em processo de qualificação. Mas, a prioridade é o vinho. Ora, para podermos ter êxito é necessário o envolvimento de quem produz, o que implica envolver e integrar aqueles que produzem desde o primeiro dia.

Há também projectos na área ambiental. Qual o caminho?

Vamos prosseguir o que vem sendo traçado. Uma campanha bem sucedida erradicou já centenas de lixeiras em todo o vale do Douro. Posso também falar do projecto das aldeias vinhateiras, uma campanha séria, articulada, que também resultou. Só que o trabalho não pode ficar a meio. A EM, através do Programa Operacional Regional assumiu o compromisso para criar as condições para a persecução da campanha. Em relação a certos tipos de resíduos, como materiais da construção civil e outros, não podem ser tratados com soluções pontuais. Tem que haver escala, tem que abranger todo o território.

E no que respeita ao alojamento turístico, qual é a aposta?

Actualizamos o Plano de Desenvolvimento Turístico, estivemos em Janeiro na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), elaborámos o programa de acção, criámos uma marca turística, estamos prestes a acertar um acordo com o Centro Mundial de Destinos de Turismo de Excelência, da OMT. No fundo estamos a trabalhar para que este sector emergente, já muito interessante, ganhe e se qualifique.
Um dos dramas é que a oferta é muito reduzida. Quem tem que elaborar esses produtos, no meu ponto de vista, são os operadores privados, não é a administração central. Defendemos a criação de pequenas unidades incorporadas nas quintas. Não quer dizer que a EM não veja com bons olhos a implementação de uma unidade dentro do perímetro urbano de Vila Real, Régua ou Lamego. Contudo o nosso modelo prioritário tem por base "as quintas".

Fala-se de vários tipos de programas de apoio. Não será entrave à apresentação de candidaturas?

Uma das missões da EM é exactamente pegar nesses programas e divulgá-los.
Temos realizado vários seminários e debates, precisamente para difundir a existência e desses mesmos programas e em que moldes se aplicam
 
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