A parte mais polémica desta proposta tem a ver com o regime de arranque voluntário, sendo que o prémio respectivo será na ordem dos trinta por cento no primeiro ano, pelo que os Estados membros estão autorizados a limitar esse arranque a um máximo de dez por cento da superfície vitivínicola nacional.
É que o arranque voluntário dirige-se, em tese, aos produtores menos competitivos com dificuldades, nomeadamente, em escoar a produção. Porém, pode acontecer que esta medida tenha exactamente o efeito oposto, isto é, que sejam os produtores mais competitivos e de regiões demarcadas que se sintam incentivados, por causa do nível destas ajudas, a abandonar produções de alta qualidade e bem implantadas no mercado.
Por isso, para responder a estas preocupações da proposta incial de 400 mil hectares de vinha passíveis de ser arrancados, tudo leva a crer que este número desça até aos 200 mil hectares. Também a fim de evitar problemas sociais ou ambientais, os Estados-membros podem limitar o arranque de vinhedos situados em montanhas ou em terrenos muito inclinados, bem como em regiões ecologicamente sensíveis.
Em suma, a ser adoptada esta reforma, muita coisa vai ter de mudar em Portugal, designadamente ao nível das adegas cooperativas. É verdade que com bons projectos, por exemplo em matéria de internacionalização ou de modernização, estas podem receber ajudas interessantes. Caso contrário, tudo indica que estarão destinadas a desaparecer.
Se for o caso, a União Europeia até agradece, porque o objectivo de redução dos excedentes pode, deste modo, vir a ser alcançado como desiderato final da proposta de reforma do sector vitivinícola europeu.
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