Mário Louro | Enólogo
Nasceu em Santarém, "no dia e na hora em que rebentou a bomba atómica de Hiroxima", a 6 de Agosto de 1945. Formado em Enologia na universidade francesa de Souze la Rousse. Trabalhou na Junta Nacional do Vinho, no Instituto do Vinho e da Vinha e na Carvalho, Ribeiro & Ferreira.
Dá aulas de enologia nas escolas de hotelaria de Lisboa e Estoril e diversos cursos particulares sobre vinho. Mário Louro, um dos nomes mais conhecidos do vinho português, dá a cara por um Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados que poderá trazer grandes surpresas e ajudar a separar "o trigo do joio" entre as centenas de marcas que surjiram entre nós. Ele explica como.
O que diferencia este concurso?
Desde 1993 que não se fazem concursos de vinhos de dimensão nacional em Portugal. Na altura, quem fazia era o Instituto da Vinha e do Vinho. Neste interregno, os produtores procuraram medalhas e distinções em concursos internacionais. Ora, sabe-se que os vinhos portugueses subiram muito de qualidade nos últimos anos, mas não sabemos o que valem uns contra os outros. Ou seja, não sabemos bem o que vale a região A ou B, quais os grandes vinhos, etc.
A presença de enólogos, que às vezes são também produtores, no júri, não poderá levar a pensar que eles podem beneficiar os seus vinhos?
Seguimos o exemplo de concursos internacionais em que chega a haver 300 pessoas a provar. E apostámos também em grande. Assim, pusemos oito grandes enólogos portugueses a presidir cada um ao seu júri. São nomes como José Maria Soares Franco, Nuno Cancela de Abreu, João Melícias, Manuel Vieira, Paulo Laureano, Osvaldo Amado, Domingos Soares Franco e Luís Cerdeira. Mas eles não vão provar, vão chefiar júris de sete elementos e orientar as provas.
Tudo prova cega?
Tudo prova cega, E, além disso, criámos um espaço dentro do CNEMA, tipo caixa-forte, e vamos pôr pessoas estranhas à nossa organização a zelar pelos vinhos e pela confidencialidade. Ninguém, nem eu, sabe os vinhos que lá estão, nem a ordem em que vão ser provados.
Quem serão os provadores?
Enólogos, escanções, jornalistas nacionais e estrangeiros, e também aqueles a que chamo "enófilos esclarecidos" e uma ou outra figura pública. Em cada júri de sete elementos, a nota mais alta e a mais baixa não contam na pontuação. |