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Vinhos de quinta do Algarve renascem com aposta na qualidade

Diário de Notícias | 14-07-2008 | Geral, Regiões, Economia
Habituado a ver-se rodeado de muita gente durante as exposições de vinhos no estrangeiro, Rui Virgínia, 39 anos, não tem dúvidas: "O nome Algarve, só por si, é uma marca que está feita e vende e que, também no vinho, precisa de ser acarinhada, sobretudo ter bons produtos."
"Recentemente fui a uma apresentação de vinhos portugueses em Londres, com mais 10 produtores, todos muito maiores do que eu, do Douro à Bairrada, mas era eu que suscitava as curiosidades, por ser vinho do Algarve. Eles conheciam era o Algarve", relata o jovem agricultor.

E não é que, para ter sucesso, o detentor da marca Barranco Longo - homónima de uma propriedade que comprou em 1999 em Algoz, concelho de Silves - precisasse da "muleta" do nome da região portuguesa com mais fama lá fora. Seis anos depois das primeiras vinificações com uvas de terceiros e cinco após as primeiras experiências com frutos autóctones, os vinhos de Rui Virgínia - 40% rosé, 30% é tinto cabernet e 5% é branco - chegaram a um nível de apuramento e qualidade de que se orgulha e que o levou a escoar , este ano, 82 mil garrafas.

"Mais houvesse e mais se vendia", jura o homem que assevera ter escoado toda a sua produção através do boca-a-boca entre cerca de 200 restaurantes da região, de Sagres a Vila Real de Santo António, mas sobretudo na "capital do Turismo", Albufeira. Hotéis e garrafeiras também estão na lista de clientes.

Com preços por garrafa que começam nos 5,5 euros - preço de venda em garrafeira - e acabam nos 14 euros do espumante rosé, que este ano começou a produzir (ver texto em baixo), Rui Virgínia garante que não lhe interessa o mercado do grande consumo, de hipermercados e lojas discount, "que são para marcas com mais de 300 mil garrafas por ano".

Detentor da segunda maior produção do Algarve em vinhos de quinta, a seguir à Quinta do Cantor de Cliff Richard, o jovem produtor acredita que há condições para continuar a crescer, em quantidade e qualidade, e sublinha os prémios que recebeu nos últimos anos. "Há três anos consecutivos que ganho o painel de prova cega de vinhos rosés da garrafeira Coisas do Arco do Vinho [em Lisboa]", assinala, apresentando também o primeiro lugar ganho numa prova internacional de rosés na Dinamarca, em 2007, e a selecção do crítico britânico Charles Metcalfe, que classifica o Barranco Longo entre os "10 grandes vinhos portugueses".

Razões suficientes para, seis anos depois das primeiras garrafas, os vinhos saídos da quinta de Rui Virgínia se venderem "só por si", sem grandes manobras publicitárias ou de marketing.

"São os meus clientes que vêm ter comigo", frisa, não sem lamentar que em alguns hotéis e restaurantes algarvios não se "puxe" pelo produto da casa, pois "um bom empregado de mesa e um bom gerente são fundamentais para a venda de um bom vinho".

"Infelizmente, nesta região, há hotéis de cinco estrelas que apostam sobretudo na má qualidade, em garrafas que nos hipermercados custam um euro. E depois ainda me vêm dizer que eu não tenho preço para eles", lamenta.

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