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Vinho de Lafões quer sair da crise

Jornal de Notícias | 21-04-2010 | Geral, Regiões, Economia
Adega Cooperativa não desiste de lutar.
As instalações estão degradadas. Até parece que a Adega Cooperativa de Lafões, em S. Pedro do Sul, fechou de vez. Mas não é assim. Duas mulheres, a directora e uma funcionária, são fortes. E não desistem na vontade de travar a "morte lenta" do vinho de Lafões.

"Não quero notícias fúnebres. De lágrimas e chorinhos estou eu farta. É preciso arregaçar as mangas e pensar positivo quando se fala do vinho de Lafões". Nem mais. É assim que Leonor Côrte-Real, presidente da direcção da Adega Cooperativa de Lafões (ACL) - a mais antiga do país, fundada em 23 de Outubro de 1949 e com alvará de Novembro do mesmo ano -, encara o momento "menos bom" dos vinhos de transição verde produzidos na região.

A apoiar um trabalho directivo que nos últimos meses "não tem sido fácil", Leonor Côrte-Real conta, na ACL, com a "dedicação extraordinária" de outra mulher: Rosalina Pinto. É ela que abre e fecha a porta da adega, assegura as encomendas e a parte administrativa e ainda fala, com sabedoria, sobre os vinhos e a região Lafões.

A Adega de Lafões tem um passivo elevado não especificado, em 2009 não recebeu uvas por não ter condições para uma boa recepção, os sócios continuam "pacientemente" à espera de receber algum dinheiro pelas uvas entregues e funciona num imóvel que dá sinais "preocupantes" de degradação.

"É verdade que temos muitos problemas. Mas não o é menos a coragem e a vontade de recuperar para os vinhos de Lafões o prestígio que a sua qualidade justifica", diz Leonor Côrte-Real.

Um passo decisivo para evitar a extinção da cooperativa será dado, já na próxima semana, no dia 27, quando a Comissão de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas da Assembleia da República, presidida por Pedro Soares, visitar as instalações.

"Esperamos que as pessoas, e também as autarquias, compreendam que vale a pena apostar no vinho de Lafões. Queremos condições para ajudar os jovens e pequenos viticultores a vinificar. Até lá, continuaremos a fazê-lo, a uma média de 150 mil litros por colheita, na Cooperativa de Vilarinho do Bairro com a qual temos uma parceria", diz a directora.

Leonor Côrte-Real lembra que a organização a que preside tem um património valioso. "Possuímos um imóvel dos anos 30, que nos serve de sede, implantado numa área de 15 mil m2. Em pleno perímetro urbano de S. Pedro do Sul. Este património tem tudo para ser a sala de visitas de Lafões", conclui.

Além do vinho tinto e branco - que já lhe valeram medalhas de ouro e de prata em 1962/63 -, a ACL produz o espumante D. Amélia e a bagaceira Lafões. "Produtos de grande qualidade" afiança a funcionária Rosalina Pinto.

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