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Metade das adegas do Douro com dificuldades económicas

RTP | 13-05-2012 | Geral, Regiões, Economia
O caso da Adega de Santa Marta de Penaguião não é o único no Douro: cerca de 50 por cento das 20 cooperativas espalhadas pela região demarcada estão em dificuldades financeiras.
O presidente da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro José Manuel Santos disse à agência Lusa que existem neste território 20 unidades e grupos cooperativos que possuem cerca de 20 mil associados.

Estas adegas representam 40 por cento do vinho de mesa produzido na região e cerca de 30 por cento do vinho do Porto.

"Cerca de 50 por cento das cooperativas estão com condições de sobrevivência e os outros 50 por cento devem ter alguma dificuldade, que é ultrapassável se forem criadas as condições necessárias para que isso possa acontecer", afirmou o responsável.

À divida acumulada pelas instituições, junta-se também a quebra nas vendas devido à redução do consumo em alguns mercados.

José Manuel Santos lembrou que as cooperativas foram criadas fundamentalmente para resolver os problemas dos pequenos e médios viticultores. Por isso, considerou que o fim das adegas pode "significar o desastre para estes produtores".

É preciso, defendeu, que se criem condições para que possam renegociar os seus passivos e ter mais tempo para pagar.

José Manuel Santos acredita que "todas as adegas são recuperáveis", agora, acrescentou, "provavelmente não serão é todas necessárias".

"O ideal seria existirem três ou quatro unidades cooperativas que congregassem todas, com uma gestão profissionalizada e uma visão de mercado atual", sublinhou.

O esforço a fazer passa por "criar massa crítica para reduzir custos e rentabilizar melhor".

"Fala-se em fusões ou em parcerias. O que é preciso é que haja da parte de todos os atores, desde poderes públicos, dirigentes a associados, a consciência de que é preciso alterar alguma coisa", frisou.

José Manuel Santos alertou para o facto de o sector cooperativo "não ser igual a uma empresa". Desde logo, explicou, porque "se obriga a receber toda a produção dos seus associados, enquanto que uma empresa só compra o que quer de acordo com o seu mercado".

"Há aqui uma diferença substancial que é importante que o Governo tenha em atenção", salientou.

Esta semana, o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, afirmou que "resolver o problema das cooperativas" é uma das questões principais para "garantir a permanência de produtores na região do Douro".

O governante garantiu que o Governo está a fazer "um grande esforço de diálogo com as cooperativas, com a Caixa Geral de Depósitos, que é dos principais credores, com o IAPMEI [Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação] e com os municípios".

Na sua opinião, "é óbvio que o código cooperativo tem que ser mudado" e que "tem que haver uma alteração da escala de funcionamento das adegas na região do Douro".

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